O que é o Natal?

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

O Natal é uma festividade como outra qualquer. É uma data religiosa que para muitos já perdeu o sentido religioso, mesmo que ninguém ouse admitir e ainda se sinta ofendido quando confrontado com tal acusação. Um dia como outro qualquer para muita gente, um dia de festa para tantas outras. Mas o que é o Natal afinal?

Segundo o dicionário Aulete:

4. Litu. Festa de comemoração do nascimento de Jesus Cristo, estipulada como sendo no dia 25 de dezembro (pelo calendário gregoriano), desde o século IV pelos cristãos do Ocidente, e desde o século V pela Igreja católica oriental. A Igreja Ortodoxa (russa e grega) comemora a 7 de janeiro, pois adota o calendário juliano.

A Wikipédia também traz um dado interessante sobre a origem das festividades:

Originalmente destinada a celebrar o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno (natalis invicti Solis), a festividade foi ressignificada pela Igreja Católica no século III para estimular a conversão dos povos pagãos sob o domínio do Império Romano e então passou a comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré.

Essa origem religiosa da data traz consigo todo um misticismo. São várias as sensações diferentes que uma simples data causa nas pessoas. Existe a vontade de estar próximo aos entes queridos, e a obrigação implícita que a data impõe. Também há o apelo comercial: é chato não dar/receber presente de Natal. Até uma reunião de amigos vira motivo para dar presentes: e assim nasceu o amigo secreto. E o que tinha o objetivo de unir as pessoas pelo sentimento foi perdendo sentido e o vínculo que unia as pessoas virou outro: o consumo pelo simples ato de consumir.

Mas existe algo no Natal que é realmente mágico: a união. A toda a volta, você vê pelo menos esforços de minimizar atritos, pelo bem do espírito do Natal. As pessoas querem se encontrar, elas se esforçam para isso. Algumas até tentam estar com todos os parentes, seja do seu lado da família ou do lado do seu parceiro. Há conciliação. Há vontade de que tudo saia bem. Há interesse na reaproximação e no aconchego que só um abraço fraterno consegue proporcionar.

Se Natal tivesse que ser definido em uma só palavra, eu escolheria “união”. Essa é a melhor palavra para definir um dia que não é só uma data, mas um marco no ano. É um dia para perceber que você não está sozinho no mundo, e que tem abraços apertados esperando por você sempre que precisar. É uma época de calor - a melhor expressão para o que se conhece por calor humano. É uma data para se lembrar quão rico se é por ter ao seu lado pessoas queridas que nem sempre conseguem estar por perto e que, às vezes mesmo estando perto fisicamente, não conseguem estar com você o tempo todo. O Natal é o dia para se lembrar de que mesmo com todas as distâncias e obstáculos, você estava bem perto de alguém, mesmo que em pensamento.

Ninguém merece passar o Natal sozinho.


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A forma justa de se cobrar impostos

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Um dos discursos políticos mais batidos em termos de campanhas eleitorais é aquela velha história de que, em um país justo, os mais ricos têm que pagar mais impostos que os pobres. Mas como fazer isso?

Os discursos utópicos inflamados dizem que para que isso aconteça, é só isentar os pobres de alguns impostos e aumentar a quantidade de impostos paga pelos ricos. A França tentou isso, e está cada vez mais encrencada economicamente. Isso porque os mais ricos, achando injusta a cobrança de impostos que passou a ser feita sobre eles, fez o que era mais lógico: se mudaram de país. Alguém tem que pagar impostos; logo, adivinha para quem sobrou?

Se a cobrança de impostos for proporcional, ou seja, calculada em porcentagem, na prática já existirá uma cobrança maior para o rico do que para o pobre. Porém, essa forma pseudossocialista que alguns políticos de massa gritam tanto é extremamente injusta. Nem todo rico nasceu rico; muitos dos abastados nasceram pobres e tiveram muito que trabalhar, estudar e batalhar para conquistar o patrimônio invejável que possuem hoje. É justo, depois de tanto trabalho, retirar dessas pessoas o que elas conseguiram com tanto esforço?

Justo mesmo seria proporcionar a todos uma escolarização de qualidade que formasse as pessoas para a boa administração de suas posses e que as incentivasse a querer mais por meio do trabalho, do estudo e da capacitação. Assim, todos teriam a mesma capacidade de aumentar seus patrimônios e, quem sabe, serem ricos também.

O foco do problema recai injustamente sobre a cobrança de im
postos. Para o bem ou para o mal, uma país precisa cobrar impostos de seu povo. É o dinheiro vindo desses impostos (entre outras fontes) que é destinado ao pagamento de serviços públicos, como hospitais, escolas, postos policiais, etc. O que acontece, no entanto, é que essa grana toda não é bem administrada: ora é desperdiçada sem nenhum cuidado sequer, ora é manipulada em benefício de causas que não favorecem a população como um todo. Assim não há dinheiro que chegue mesmo. E como alguém sempre tem que levar a culpa, melhor dizer que a culpada é a cobrança dos impostos no país, que é injusta e desigual.


Se quiser mais uma opinião sobre o assunto, confira artigo muito bem colocado de Flávio Augusto da Silva, fundador do Geração de Valor, em sua página no Facebook.

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Conto de fadas moderno

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Um dia, sem querer, Cinderella conheceu o Príncipe Encantado. A princípio, nada havia de especial nele, exceto por sua realeza. O príncipe, por sua vez, lhe dizia palavras tão bonitas que Cinderella chegou a considerar por um momento que ele poderia estar falando a verdade e de fato gostar dela. Depois do longo período que foi preciso para criar coragem, a moça foi tirar a dúvida, porém, o príncipe a rejeitou, dizendo que eles nunca poderiam ter um relacionamento.

Cinderella ficou muito triste. Chegou até a sentir raiva de si mesma por ser tão ingênua. Como alguém como o príncipe poderia um dia se interessar por alguém como ela? Não fazia mesmo o menor sentido.

E, como não poderia deixar de ser, a vida seguiu em frente. Cinderella seguiu seu caminho, determinada a não perder sua alegria. Estava empenhada em tirar o príncipe da cabeça. E conseguiu.

Pelo menos era o que ela pensava. Um dia o príncipe, que por coincidência ou força maior – quem saberia dizer? –, havia sumido, ressurgiu. Ela agiu normalmente perante ele, como se nada jamais tivesse acontecido, sem despertar qualquer suspeita. Só que o príncipe voltou a cortejá-la. Agora, no entanto, ela estava mais cautelosa e passou a ouvir as investidas do príncipe de outra forma, mais como elogios, para agradar seu próprio ego, do que como palavras sinceras. O comportamento dele, por outro lado, só a deixava confusa: se antes nunca poderiam se relacionar, porque agora ele continuava a tentá-la? Para ela, tudo não passava de mais um blefe do príncipe, aproveitando-se de sua posição, para se divertir com seus sentimentos.

Um dia, eles se encontraram novamente, em um baile. Ela tentou fingir que não o tinha visto, mas não teve jeito. Ela tentou se esquivar, mas ele era insistente. O príncipe, então, a tirou para dançar. E por mais que quisesse, ela não conseguiu resistir. O sentimento há muito adormecido despertou com todas as forças, guiado pela esperança.

Eles dançaram. Dançaram a noite toda. Dançaram até seus pés ficarem cansados. E foi tudo tão bom, e tão lindo, e tão rápido, que mais aprecia um sonho.

E, como um sonho, no dia seguinte já havia ido embora. Nem muito sentido fazia mais para Cinderella. O príncipe nem se importou em procurar a dona do sapato perdido que encontrara. Na certa deve tê-lo jogado em um porão escuro qualquer, com tantos outros pertences perdidos e deixados para trás em seu palácio. 

E doeu. Doeu muito. Mas um dia a dor passaria.

E, como não poderia deixar de ser, a vida seguiu em frente. A vida não pararia, seja por vontade do príncipe, seja por vontade de Cinderella, seja por vontade de quem quer que fosse. E Cinderella, que já estava mesmo acostumada a ser sozinha, uma hora esqueceu tudo de vez e se conformou com sua vida como ela era e viveu feliz para sempre.

Fim



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Manifesto do eleitor

sábado, 4 de outubro de 2014

Todo e qualquer candidato que se enquadre em uma das situações apresentadas a seguir perderá automaticamente toda e qualquer chance de ter um voto do eleitor:

1 – Promover campanha eleitoral irregular (cavaletes do inferno!) ou cujos santinhos forem encontrados jogados pelas ruas;
2 – Misturar religião com política, especialmente quando com o intuito de angariar votos de pessoas em dúvida;
3 – Alegar que é a favor da família, mas limitá-la a uma única expressão ou configuração;
4 – Tiver alguma acusação pautável de má conduta, seja ela de qualquer natureza;
5 – Num país em que a violência e a discriminação são um problema que atinge proporções gritantes como o Brasil, estimular mais violência e intolerância, seja contra gênero, classe, cor, credo, diferente linha de pensamento ou opiniões, seja em nome de Deus, de Alá, de Oxum, dos duendes ou do que quer que seja.


Se ainda algum outro item precisar ser analisado para compor este manifesto, será devidamente agregado no futuro, conforme se fizer necessário.

Também haverá correntes positivas para que os espíritos do bom senso acompanhem todo eleitor em seu exercício de cidadania.


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100 Happy Days – O Resultado

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

100 dias felizes. Proposta mirabolante? Otimista demais? Autopiedade? Ou sem propósito algum? Seja lá o que for, achei interessante e resolvi testar.


Dia 2: Comida japonesa é
sempre motivo de felicidade
Comecei o desafio #100happydays no dia 13 de maio. No início, estava bem animada, e não tive dificuldade de encontrar a primeira foto. A ideia era tirar uma foto de algum momento que tivesse feito o seu dia mais feliz. Valia qualquer coisa, desde um presente até o trecho de um poema encontrado ao acaso. Em alguns dias foi até difícil dizer qual momento, de tantos, melhor representava o que tinha me tirado um sorriso.

Várias coisas foram muito legais nesse desafio. O primeiro, claro, fazer um esforço para realmente enxergar o que aconteceu de bom no dia. Dos 100 dias, eu tirei mais de fotos. O restante foi preenchido por imagens encontradas na Internet ou fornecidas pelo Foursquare. E aí entra a segunda parte da diversão: pensar em qual seria a melhor imagem para descrever o momento feliz do dia. Em alguns, essa foi uma tarefa difícil de realizar – ainda mais para uma libriana, indecisa por natureza. A terceira parte era a melhor, na minha opinião: criar uma legenda criativa para apresentar o seu momento feliz. Para quem é apaixonada pelas palavras, como eu, foi mamão com açúcar.

Dia 13: História antes
de dormir
Mas como todo bom ser humano que se preze, houve “dias de fúria”. Esses são os dias em que a gente acorda de mau humor com a vida, ou deprimido demais até mesmo para sair da cama. Quem não tem um desses? E aí o desafio se mostrou ainda mais pertinente: encontrar um brilho num dia cinza era algo que acalmava a alma e deixava o clima mais leve. Dificilmente o péssimo humor perdurava depois de registrado o #100happydays do dia.

Há pesquisas que dizem que se você repete uma tarefa por 21 dias, ela se torna um hábito. Com o desafio dos 100 Happy Days você realiza esse “ritual” mais de 4,5 vezes. Logo, é praticamente impossível que não vire um hábito. E semanas depois de terminado o meu desafio, eu percebo como ele fez uma diferença efetiva em minha rotina. É engraçad

o você se pegar de repente pensando que isso ou aquilo renderia uma boa foto para o 100 Happy Days se você ainda estivesse participando do desafio.

Dia 52: Se dar melhor quando
tentam passar a perna na gente
Muita gente não entendeu bem a ideia da coisa e achou deprimente. Na onda dos desafios, muitos outros vieram, e mais gente que não entendeu a ideia da coisa veio. E a conclusão que eu tiro disso é que todo mundo gosta de dar a sua opinião – e se for contrária, dá muito mais prazer. O ditado mais coerente surgido no mundo virtual é aquele que diz “haters will hate” (odiadores odiarão). É a vida: eles não são capazes de dar mais do que isso de qualquer forma. Mas, graças a eles, o desafia dos 100 Happy Days ganhou mais uma vantagem: o desenvolvimento da disciplina necessária para ignorar comentários ignorantes (entenda-se por ignorante “aquele que ignora a informação ou que não tem o conhecimento sobre determinado assunto”).

Recompilar as fotos foi ainda mais divertido. Cada foto me fez lembrar a situação em que o momento feliz aconteceu e o que o ocasionou. E cada foto revivida me tirou um novo sorriso.


Momentos especiais que tornam o nosso dia mais iluminado acontecem todos os dias. A correria do dia a dia, o excesso de preocupações e responsabilidades, o pessimismo, a falta de introspecção, entre tantas outras barreiras, nos colocam uma venda nos olhos que nos impedem de ver coisas simples que nos deram generosamente sombra e água fresca, mesmo que apenas por alguns minutos em um dia do cão. Se policiar para encontrar esses oásis dia após dia faz com que nossa atitude mude e consigamos levar a vida com mais tranquilidade. Acho que esse é um esforço que deveria ser feito por todos, se não por ideologia, por uma questão de saúde física e mental. E porque é bem divertido.
Dia 4: Ser recebida com um
sorriso escancarado

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A Menina do Vale

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Empreendedorismo é a palavra-chave do momento. A primeira ideia que vem à mente ao ouvir esse termo é a de uma empresa (em geral, uma empresa bem-sucedida). Porém, empreendedorismo vai muito além disso. O campo dos negócios é apenas uma das vertentes em que essa habilidade pode ser aplicada.

As ideias do empreendedorismo podem muito bem ser aplicadas no dia a dia, em atitudes tomadas para organizar alguma coisa ou para mudar algo que não evolui mais em nossas vidas. Esse tipo de atitude é o que nos move a fazer diferente, a encontrar novos meios e seguir em frente.

Sempre muito independente, Bel Pesce, autora do livro A Menina do Vale, é um exemplo de empreendedorismo de sucesso. Desde muito cedo entrou de cabeça nos estudos e no mundo que lhe interessava: o da informática. Rapidamente foi notada por sua personalidade e evoluiu cada vez melhor dessa forma.


Tanto sucesso era tão incrível que ela resolveu escrever sua experiência para ajudar outras pessoas. E assim nasceu A Menina do Vale, livro em que a autora conta um pouco de sua própria experiência de vida e carreira e aconselha sobre empreendedorismo e automotivação, com dicas de leituras, vídeos, entre outros. É um livro muito inspirador para quem se sente incomodado em uma zona de conforto.

Atualização: a continuação deste livro está sendo lançada hoje e a Bel Pesce o está disponibilizando gratuitamente para download neste endereço: ameninadovale.com/volume2.



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Necessidade de gratidão

domingo, 31 de agosto de 2014

Nada é de graça. Ninguém faz nada “de mão beijada”. Sempre que se faz algo, espera-se algo em troca. E ninguém fica contente em fazer algo sem receber no mínimo um “muito obrigado” em retribuição.

Porém, nem sempre se recebe o agradecimento devido. E nem por isso pode-se perder tempo com lamúrias. Quantas vezes você já ouviu o conselho “se der ouvido ao que os outros dizem você não fará nada”? Existem dezenas de fábulas e ditos populares falando sobre isso; a mais famosa acredito ser a do sapo surdo, que só conseguiu chegar ao topo da montanha porque não conseguia ouvir a plateia lamentando que o pobrezinho não conseguiria chegar até o final.

Pois esse conselho serve tanto para o bem quanto para o mal. Se não se dá ouvidos ao que os outros dizem, é possível fazer tudo o que se quer, acreditando-se em seu potencial. Mas o silêncio ou a ingratidão também nos impede de seguir em frente, e não “dar ouvidos” a esse tipo de reação (ou falta dela) também nos move para frente.

Eu já tinha ouvido esse conselho diversas vezes, mas nunca tinha me atendado de verdade para ele. Foi com um post da página Geração de Valor no Facebook (em um momento muito adequado) que a ficha finalmente caiu para mim. É claro que o trabalho fica muito mais agradável e menos pesado quando você sabe que será retribuído por ele. Mas você realmente precisa dele para realizar o trabalho? Na maioria das vezes não. E é justamente quando não se espera nada que podemos ser surpreendidos.

Eu sou da opinião que o universo conspira com relação ao que você faz. Se fizer algo bom hoje, sem esperar uma retribuição, de alguma forma ela será retribuída, mesmo que a gente não perceba. É uma atitude boa feita hoje, e uma sorte que se dá amanhã.


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Geração do consumo e seus abusos

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Em uma sociedade cujo ídolo é o consumo, quem não consome está fora de moda. Simples assim. E quem é um pouco menos manipulável é taxado de pão-duro e sovina, como se ter a capacidade de escolher não gastar em detrimento de uma economia maior ou de um gasto mais responsável fosse um defeito ao invés de uma qualidade. Nessa sociedade de valores invertidos, pseudo-políticos sem muito o que fazer encontram brechas para mostrar serviço de formas inusitada, para não falar inadequada.

Uma resolução do ConselhoNacional dos Direitos da Criança e do Adolescente lançada em março deste ano considera abusiva toda e qualquer publicidade voltada ao público infantil. Segundo a resolução, uma inocente propaganda de produtos voltados justamente para o publico infantil seria condenável. Até a programação infantil foi retirada das grades dos canais televisivos e substituída por mais programas para adultos.

Televisão agora é coisa exclusivamente para adultos. Só que não avisaram as crianças. Nem os pais. Infelizmente, vivemos em uma geração em que os pais não querem dispor de seu tempo (nem esforços) para educar seus filhos, e a televisão tem sido um grande aliado nessa onda de preguiça (negligência?) generalizada. Está tudo bem enquanto a criança está hipnotizada pelo aparelho eletrônico, pois assim sobra mais tempo para os pais fazerem o que bem entenderem. Mas se antes já estava ocorrendo um processo de aceleração no amadurecimento de uma criança e encurtamento de sua infância, exposta de forma massiva ao mundo dos adultos, esse processo tem se tornado alucinante.

Entrevistada a respeito desse assunto, a empresária Mônica de Sousa, filha do cartunista Maurício de Sousa, deu uma excelente entrevista ao jornal O Globo (que pode ser conferida na íntegra aqui). Entre vários argumentos extremamente pertinentes, Mônica lembra que é muito fácil cobrar o governo por coisas que têm relação com a educação básica que é responsabilidade dos pais. A obesidade e o consumo em massa, por exemplo, são coisas que poderiam ser resolvidas com uma educação digna, com pais presentes exercendo seu papel e dizendo não à criança quando achar que é necessário.

De um lado, algumas linhas de psicopedagogia modernas dizem que a criança tem que ser deixada livre para escolher o que quer, pois assim é a criança moderna: ela tem que ter opções. Por outro lado, essas teorias não oferecem uma solução para as consequências da escolha da criança. Se algo dá errado, os pais têm que remediar e o filho sai de cena sem ter levado um aprendizado consigo. Além disso, vivemos um momento econômico muito diferente do de nossos pais e avós. Se no passado uma criança tinha que tolerar um “não” porque os pais não tinham como bancar suas vontades, hoje os pais financiam todos os desejos dos filhos, seja por não suportarem a manipulação que estes lhe aplicam (na forma de birras e malcriações nunca repreendidas, especialmente em público), ou porque acham que os filhos não “merecem passar necessidade como eles passaram no passado”.

O equívoco nesse pensamento dos pais é que eles não percebem como as crianças perdem com uma atitude firme de uma negativa. Eles se esquecem de que foi justamente o fato de seus próprios pais terem lhes negado algo por necessidade que os tornou os adultos que são hoje: que sabem que têm que trabalhar para conseguir o que querem, e que sabem que nada é dado de graça. E mais: que não precisam mais de seus próprios pais para sobreviver no mundo, pois já estão preparados para isso.

A infância é uma parte muito importante no desenvolvimento de qualquer ser humano, e para tal, como em todas as fases da vida, tem suas especificidades, como suas brincadeiras e produtos próprios. Aprender com as brincadeiras e usar produtos adequados à idade auxiliam – junto à obrigação inerente aos pais, quer eles gostem ou não – no desenvolvimento tanto psíquico quanto físico das crianças. Atropelar essa etapa com uma lei estapafúrdia e que exime os pais de sua tarefa de educadores primários é que deveria ser considerado um absurdo. Graças a esse tipo de medida (entre outros fatores) estamos vivenciando uma geração de crianças crescidas (com seus mais de 20 anos) que nunca conseguem alcançar de fato a idade adulta e que, justamente por isso, passam pelo que os pais mais temiam: o sofrimento exagerado ao ser contrariado.

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A melhor atitude para um bom relacionamento

sábado, 31 de maio de 2014

Em uma sociedade existem vários tipos de pessoas: há aquelas que se doam demais; outras recebem demais; e há ainda um terceiro grupo que dá e recebe. É nisso que se baseia a teoria de Adam Grant, autor do livro Dar e Receber – uma abordagem para o sucesso,generosidade e influência. O livro foi, na verdade, escrito com foco no público dos negócios, mas uma reportagem da Exame.com sugere que as ideias levantadas na obra também possam se refletir nos relacionamentos românticos. Indo mais além, essas ideias podem dizer algumas coisas sobre outros tipos de relacionamentos pessoais também.

Segundo Grant, são três as categorias em que uma pessoa normalmente se enquadra: Doadores, Trocadores e Tomadores. Os primeiros são aquelas pessoas que fazem tudo para que um relacionamento dê certo. Elas se preocupam com o outro. Sua motivação é cuidar e zelar para que as outras pessoas estejam sempre bem, felizes e satisfeitas. Quando algo dá errado, ao invés de procurarem um culpado, elas automaticamente atribuem a culpa a si mesmas, acreditando que a falta foi delas em não terem sido boas o suficiente. Elas assumem toda a responsabilidade de fazer o relacionamento dar certo e se não recebem o reconhecimento e apoio necessário em retribuição, tendem a se sentir usadas e exaustas. Todo mundo gosta de ter doadores à volta. Eles são pessoas incríveis, que sempre trabalharão em prol da harmonização e alegria do relacionamento.

Os trocadores fazem coisas pelos outros na esperança de receber algo em troca. Da mesma forma, quando alguém faz algo por eles, eles se sentem na obrigação de retribuir o favor. Tudo é, de certa forma, contabilizado. São trocadores também aquelas pessoas que mais cedo ou mais tarde cobram favores feitos, ou que gostam de deixar claro que estão retribuindo um favor que acham que estão devendo.
Os tomadores são pessoas que tomam. Ponto. Elas tratam bem aqueles que elas acreditam que lhes são úteis, e tratam mal quem não tem nada a lhes oferecer. À primeira vista, parecem ser pessoas muito legais, pois têm uma grande habilidade de sedução, mas na verdade são pessoas egoístas que só fazem as coisas com um único objetivo: conseguir frutos para si mesmas. Esse é o completo oposto dos doadores, e provavelmente o tipo mais extenuante de personalidade.

Segundo o livro de Grant, as pessoas mais bem-sucedidas em qualquer tipo de relacionamento são as doadoras. O motivo é simples: todo mundo gosta de doadores. Afinal, quem não gosta de ter alguém cuidando dele, preocupado e atencioso sempre? Por outro lado, as mais malsucedidas também são as doadoras, já que elas acabam em geral em uma posição de exploradas. As doadoras que se dão bem são aquelas que conseguem ter a consciência do que elas mesmas são e do que as outras pessoas são. São aquelas que conseguem enxergar um trocador e um tomador, e conseguem impor respeito e aprendem a lidar com eles, mesmo sem abrir mão de sua base doadora. Em contrapartida, os doadores que não conseguem ter essa noção são aqueles que terminam infelizes em um relacionamento.

Hoje é possível ver com muito mais clareza trocadores e tomadores. Os doadores parecem estar cada vez mais em extinção. Poucos tomadores têm a coragem de admitir que o são. Os trocadores acreditam que são justos. De qualquer maneira, um relacionamento em que ambos os lados não se dispõem a doar sem necessariamente esperar uma retribuição está fadado a fracassar. Nenhum relacionamento é fácil, e para que ele funcione, é preciso uma certa quantia de boa vontade e esforço no sentido de (se) doar. Uma transação desigual, em que um dos pratos da balança sempre está mais pesado, é uma bomba relógio, com prazo para estourar.

Um doador, quando percebe a situação desigual que está vivendo, passa por um processo individual para criar coragem e sair dela. Nem o mais convicto dos doadores consegue suportar por tanto tempo um cenário de exploração ininterrupta e sem retorno. E, quando finalmente estão prontos, os doadores deixam trocadores e tomadores para trás, muitas vezes não sem uma parcela de culpa e pesar. Mas pelo menos seguem em frente.


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Onde mora a felicidade?

terça-feira, 13 de maio de 2014

O que é ser feliz? O que faz você feliz? Você se acha uma pessoa feliz? Viver no mundo de hoje é estar rodeado de coisas ruins acontecendo o tempo todo. Trânsito, barulho, violência, impostos e mais impostos, sistemas públicos decadentes. Eu poderia passar um dia inteiro listando problemas aqui, já que exemplos é o que menos falta. Mas e as coisas boas? O que acontece de bom no seu dia?

Quase todo mundo vive numa correria, sem tempo para nada. A falta de tempo acabou se tornando desculpa infalível para quase tudo. E com tanta pressa às vezes fica difícil enxergar algo de bom em um único dia. A impressão é a de que as coisas boas só acontecem quando estão agendadas, como quando marcamos uma viagem com os amigos no final de semana, ou fazemos uma festinha em casa.

Mas sabe aquelas pequenas coisas da vida? Aquela história que todo mundo fala de enxergar a felicidade nas coisas mais singelas? É que a gente nunca desacelera para olhar essas coisas discretas, que acabam passando despercebidas. Pensando nisso, que é bem um desperdício, o suíço Dmitry Golubnichy percebeu que precisava se lembrar das coisas que o faziam feliz. Para isso, ele criou o site www.100happydays.com, lançando o desafio: você conseguiria ficar feliz durante 100 dias seguidos? Ser humano que se preze adora um desafio; logo, a ideia foi um sucesso imediato. Lançado em 30 de dezembro de 2013, o projeto já rendeu mais de 9 milhões de referências através de hashtags, com adesão de pessoas do mundo todo. Até alguns famosos participam da brincadeira.

A ideia é simples. Primeiro, é preciso entrar no site do desafio (o link já direciona para a página traduzida no seu idioma). Você vai se deparar com um resumo da coisa, explicando o que é, como funciona e os motivos pelos quais você deveria participar. Em seguida, no final da página, há um formulário para ser preenchido com informações básicas, mas nada demais. Há também um campo para você falar sobre suas motivações para participar. Depois, é só você postar todos os dias em uma rede social fotos de coisas que arrancaram um sorriso de seu rosto com a hashtag #100happydays e mais outras que você queira. Vale tudo: desde cervejinha com os amigos a ficar de bobeira em casa.

Estatística do próprio site diz que 71% das pessoas que iniciam o desafio acabam desistindo no meio do caminho. Muitas dizem que a falta de tempo é o que as impede de seguir em frente. Mas acredito que esse desafio tem justamente este propósito: ajudar a encontrar os oásis que temos durante um dia maçante. E não estou dizendo que é um desafio fácil, não; muito pelo contrário. Os primeiros dias devem ser dificílimos, quase impossíveis. Mesmo porque, já estamos acostumados a só ver o lado negro da força. O ponto aqui é exatamente sair da rotina, fazer o que não se faz todos os dias. E como tudo, isso há de virar hábito; depois dos primeiros dias a coisa tende a ficar mais fácil.

Como não se tem nada a perder – e depois de me divertir muito vendo fotos de amigos meus que já participam da brincadeira com exemplos tão simples – resolvi entrar na onda também:

Dia 1: fãs incondicionais esperando ansiosamente a minha volta
Day #1: unconditional fans waiting anxiously for my return
#100happydays #lovedogs

E aí? Vai encarar o desafio?


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Mundo de surdos tagarelas

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Num mundo com tanto barulho, ninguém está interessado em ouvir o ruído alheio. O importante é fazer soar o próprio barulho, e ai de quem não ouvir. Todo mundo quer falar, mas ninguém quer escutar. A gentileza é bem vinda, mas não volta da mesma maneira porque dá muito trabalho.

Todos precisam conversar, por vários motivos. O ser humano é um ser puramente social. Conversar é terapêutico, alivia tensões, distrai, faz com que você sinta que alguém se preocupa. E num mundo de egoísmo, de mimos mil, de isolamento e distância quase total propiciado pela tecnologia, é cada vez mais difícil encontrar alguém verdadeiramente disposto a devolver o favor do ouvido amigo.

Onde todos querem tanto falar não há espaço para ouvir. Ninguém está nem um pouco preocupado com o outro, ninguém quer saber o que se passa. As pessoas só querem que saibam o que se passa com elas mesmas. A necessidade de expor o grande mártir que se acha que é vai muito além da necessidade do outro. O sofrimento próprio é sempre maior do que o do outro, que “reclama de boca cheia”.

Vivemos num mundo de surtos tagarelas. São pessoas capazes de falar até quando a voz se esvai, mesmo quando não há mais ninguém à volta para escutar, mesmo quando o barulho das máquinas vai além de todos os decibéis imagináveis. São pessoas com uma deficiência oculta, incapazes de ouvir, sem a menor condição de detectar a própria carência – e, como consequência, inteiramente incapazes de se “consertar”.

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A música

segunda-feira, 28 de abril de 2014


A música dialoga com a vida. Uma simples nota faz qualquer um vibrar, seja qual for o ritmo, seja qual for a motivação. Uma canção especial traz recordações, remexe o passado; dá alento, cria esperança; motiva a seguir em frente. As músicas trazem lembranças boas e ruins, fazem chorar, rir, dançar. Relaxam, dão conforto, instigam. Mostram exemplos, divulgam campanhas, fazem apelos. Comunica-se através da música.

Se há uma coisa que de fato agrada a gregos e troianos, é a música. Você pode até não gostar de um estilo ou de outro, mas não existe quem não goste de alguma forma de música. Os ritmos não mexem apenas com a audição, mas com o corpo inteiro. Sons de diferentes tipos podem inspirar, são a fonte para artistas de outros gêneros, inclusive os que não tratam de arte. 

Sons causam reações diferentes nas pessoas. Um dia triste muda com uma música que sussurre ao ouvido aquelas palavras acolhedoras de que se está precisando. Ela torna-se um abraço para os desamparados. Um dia feliz fica ainda mais alegre com músicas agitadas. A música é o remédio e faz parte de terapias e atividades voltadas à manutenção da saúde. Também funciona muito bem em atividades didáticas e tem infinitos ensinamentos.

A música tem o incrível poder de aumentar a concentração – e o de acabar totalmente com ela também. É como uma ferramenta: conhecendo-se o poder que tem e a sua finalidade, usa-se bem ou mal. Ela é vital, faz parte da vida. Há até quem diga que não dá para se viver sem música. É um argumento compreensivo.

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Auto-algoz

segunda-feira, 21 de abril de 2014

O que leva uma pessoa a tomar uma decisão? O que a leva a não agir de forma alguma? Os critérios para essas perguntas são vários e, em geral, muito pessoais. Influências externas têm um grande peso nas decisões tomadas, não necessariamente no sentido de conselhos (“você deveria”, “você não pode”). As maiores inimigas das decisões são as do tipo “o que vão dizer”.

Pensar muito sobre o assunto pode reduzir o tempo que temos para agarrar uma oportunidade; mas agarrá-la logo de cara, impulsivamente, faz com que se opte por ações precipitadas que não saem tão bem. Não é o que vão pensar, mas o que os envolvidos vão achar de tudo isso e como passarão a vê-lo dali em diante. Que valor tem o que eles pensarão para você?

É uma questão delicada. É muito fácil dizer que não se deve dar credibilidade ao que os outros vão pensar de sua atitude, mas na prática é impossível viver totalmente isolado dos efeitos que a opinião alheia pode causar. Desde que o ser humano é um ser social e que, portanto, vive em uma sociedade (seja ela no nível familiar, seja ela em um âmbito universal), a opinião importa. Você pode até passar por cima dela e não se impedir de fazer alguma coisa, mas há situações em que é complicado fazer algo e ver o outro se afastando e ignorando você.

Para uma pessoa tímida essa questão é ainda mais complicada. Errar é humano e aceitável para a maioria das pessoas. Para o tímido, errar tem peso de castigo divino que devia ser punido com sacrifício humano. Se uma pessoa normal erra, no dia seguinte ela nem se lembra disso, já superou. Se for com um tímido, pode ter certeza que ele repassará em sua mente um milhão de vezes a cena para analisar infinitamente onde foi que ele falhou e o que ele poderia ter feito para não ter errado.

No campo dos relacionamentos não é diferente. Uma pessoa normal tolera a rejeição, por pior que seja. Um tímido a encara como um trauma eterno que nem anos de terapia resolveria. Uma pessoa normal vê alguém interessante na festa e tenta uma iniciativa. E se não der certo? Tudo bem. Na próxima festa haverá gente interessante também, é só tentar de novo; uma funciona. O tímido – coitado! – vai pensar mil vezes antes de falar “oi” para a outra pessoa. Vai considerar todas as possibilidades. Vai pensar se deve ou não dar algum sinal – e vai pensar se tem coragem suficiente ou não para tanta ousadia. E vai embora sozinho, porque a festa acabou e a pessoa interessante foi embora, e só com muita sorte ele teria uma nova oportunidade de se encontrar com ela.


Mas a timidez tem lá suas vantagens. É graças a elas que os tímidos não se colocam em riscos muito altos de exposição de sua imagem ao ridículo e, em boa parte do tempo, são salvos de situações embaraçosas. Por outro lado, existem outros constrangimentos a que os tímidos acabam submetidos. Sem querer, eles se privam de riscos relevantes, que poderiam render uma vitória ou derrota, sem se dar conta de que a probabilidade é a mesma para os dois resultados. Para não falar das situações divertidas, das risadas e de momentos bons dos quais eles se privam. E não se pode esquecer – jamais! – as oportunidades perdidas.

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As mãos

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Os sentidos servem para que se percebam as coisas que estão à volta. Alguns deles entram em ação sem que seu dono possa intervir: não é possível simplesmente decidir que não se quer sentir um cheiro ou que não se vai ouvir um som; mesmo tapando os ouvidos com os dedos, o máximo que se consegue é abafar o barulho. Mesmo a visão está fora do nosso controle total: é possível fechar os olhos, mas ainda é possível perceber alguma coisa, como a claridade ou a escuridão. O paladar e o tato – primos próximos -, no entanto, são na maioria das vezes sensores voluntários. Um alimento é levado à boca pela vontade de seu dono, e as coisas são tocadas quando ele quer.

Os principais órgãos que colocam em prática a função do tato são as mãos. Temperatura, textura, estado, formato, são todas características perceptíveis através de um toque. Mas as mãos não percebem tão pouco: com apenas um toque é possível descobrir estados psicológicos como ansiedade, alegria, medo, ou uma cicatriz que denuncia uma experiência.

Diferente dos outros órgãos de sentido – com exceção dos olhos que, para pessoas mais sensíveis, falam mais que a boca –, as mãos conseguem muito mais que receber, elas dão. Com um toque demonstra-se carinho, transmite-se segurança, cumprimenta-se. Uma mão consegue ferir a carne e alcançar à alma em um tapa. As mãos gritam desejo, alteram o ritmo cardíaco, fazem as pessoas suarem, sorrirem, até rirem sozinhas.

As mãos conversam com outras pessoas. Elas são as únicas a falar com todos os sentidos. Um sinal de positivo, negativo ou um não. Um aplauso. Um dedo sapeca que acaba de furar um bolo. Um beijo educado em uma mão perfumada de sabonete ou creme. Todos os sentidos são atendidos por elas.

As mãos mexem com os sentimentos. São mãos que magoam; mãos que perdoam; mãos que protegem; mãos que falam; mãos que excitam; mãos que cativam; mãos que odeiam e amam. Como um simples toque pode causar tantas reações diferentes e controversas?

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As Avós

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Um romance pode tanto ser elogiado quanto invejado ou criticado. O que dizem sobre os relacionamentos em uma sociedade acaba moldando a estrutura e o comportamento das pessoas.

Em As Avós, da vencedora do Prêmio Nobel de Literatura Doris Lessing, Lil e Roz se conhecem na infância e se tornam instantaneamente melhores amigas. Sua ligação, no melhor estilo almas gêmeas, aproxima toda a história das duas, chegando a misturar-se em uma só, como se as duas de fato pertencessem a uma só família. Na fase adulta, ambas se tornam vizinhas e têm filhos na mesma época. A criação dos meninos acaba sendo dividida pelas duas famílias, e é difícil não dizer que eles também sejam irmãos. Já mais velhas, uma viúva, a outra divorciada, sem perceber, como algo natural, a intimidade entre mães e filhos cresce e leva-os a um relacionamento amoroso, cada uma com o filho da outra.

Ambientado na costa leste dos Estados Unidos, o romance trata de alguns pontos polêmicos. Jovens adultas tão próximas e livres de seus respectivos maridos levam suas vidas perfeitamente felizes sem a companhia de um homem. Para a sociedade da época, parece difícil conceber essa situação. E depois de tantas perguntas, surge uma hipótese, ainda nova e chocante: seriam elas um casal? Coloca-se aí um preconceito concebido por um pensamento extremamente conservador, que não permite a essas mulheres viverem da forma que bem querem.

Cartaz do filme Amor sem Pecados
(título original: Adore), adaptação do livro
Outra contradição a uma sociedade conservadora é o relacionamento de jovens na casa dos vinte anos com
mulheres tão mais velhas. Quando se pensa em um relacionamento com uma diferença de idade tão grande há duas possibilidades: quando é o homem o mais velho, não é tão estranho assim; mas quando é a mulher que procura o jovem rapaz, parece muito mais chocante aos olhos da sociedade. A preocupação constante das duas matriarcas é com a reputação de seus filhos. Apesar de amá-los, aceitam o sacrifício de libertá-los para um relacionamento mais próximo do que o conservadorismo dos outros lhes permite.

E como a criação dos dois foi feita de forma tão próxima e caseira, a sensação que se tem é a de que há duas mães para dois filhos em comum. Portanto, ver o filho de Lil se relacionando com Roz e vice versa dá a impressão de ser um relacionamento incestuoso. Quando os rapazes têm suas próprias filhas, juntos com as idosas, elas é que parecem as mães
das crianças, num círculo fechado e perfeito de uma família. A única coisa estranha a todo esse relacionamento são as noras, que não cabem ali.


As Avós é um romance envolvente e intrigante que leva o leitor a refletir sobre os possíveis modos de ser e os preconceitos sociais que interferem na vida das pessoas.

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Tempo é Dinheiro

segunda-feira, 31 de março de 2014

Lionel Shriver é famosa por seus livros de temática polêmica. Seu livro mais famoso é Precisamos Falar Sobre Kevin, que inspirou o filme homônimo (http://www.adorocinema.com/filmes/filme-146626/).

Não menos polêmica é a temática central do livro Tempo é Dinheiro. A história se passa em Nova York. Shep Knacker economizou a vida toda para poder um dia finalmente se aposentar precocemente e se mudar com a família para uma ilha na costa africana e viver apenas com o que conseguiu juntar. Quando estava prestes a realizar seu plano e revelar sua intenção à sua esposa, ela lhe revela que vem escondendo dele um câncer incurável. Encurralado, Shep desiste mais uma vez de seu objetivo, uma vez que não poderia deixar seu emprego e ficar sem o plano de saúde corporativo financiado pela empresa em que trabalha nesse momento.

A família do melhor amigo de Shep, Jackson, também se vê em uma situação parecida: com uma filha portadora de uma doença genética degenerativa rara, o plano de saúde é essencial para eles, tornando-os uma espécie de refém de seus trabalhos.

Posteriormente, a saúde de seu pai também se torna fonte de mais prejuízo financeiro para Shep. Diante de tantos baques, Shep e Jackson passam a discutir o custo de vida nos Estados Unidos e o retorno real que tantos impostos têm para o contribuinte. Custear pessoalmente as despesas de um plano de saúde é impensável, devido ao alto custo; pagar sozinho, sem o auxílio desse recurso, pelos tratamentos é igualmente inviável. E como se não bastasse, os usuários desse serviço ainda têm que justificar aos planos porque realmente precisam do tratamento que estão contratando.

Diferente do Brasil, não existe nos Estados Unidos uma estrutura de saúde pública como o SUS. A população consegue apenas um atendimento emergencial, mas todo o tratamento é custeado por ela ou por seu plano de saúde. A população de baixa renda e, especialmente, imigrantes ilegais contam com pouco ou nenhum acesso a esse serviço.

Diante desses argumentos, a autora levanta uma questão importante: quanto vale a vida humana? Por que um tratamento ou a manutenção da saúde acaba se tornando tão cara para a população, quando na verdade é uma necessidade básica? E porque o governo se esquiva tanto – ou se envolve tão pouco – para oferecer às pessoas um bem tão primordial, sendo essa uma de suas obrigações diante de tantos pagamentos recebidos na forma de taxas e impostos?

Empresários discutem a reforma do
sistema de saúde americano, enquanto
a população fica de fora das negociações.
Há vários pontos que podem ser usados de comparação com a realidade brasileira nessa história. Um deles é a oferta de saúde pública. O Brasil está entre os países mais desenvolvidos na área médica, mas tanto desenvolvimento alcança uma minoria que pode custeá-lo do próprio bolso. Por outro lado, existe uma oferta de saúde pública, gratuita, para a população, diferente dos Esta
dos Unidos. Filas em hospitais, falta de leitos e corredores lotados não é melhor lá simplesmente porque são os Estados Unidos. O tratamento aqui é lento, mas pelo menos o paciente não recebe uma conta para pagar junto com sua alta hospitalar.

Pagar um plano de saúde particular, por mais caro que seja, ainda é uma opção aqui. Os planos de saúde são difíceis de lidar tanto aqui quanto lá, sempre tentando encontrar uma escapatória para suas responsabilidades contratadas. Mas ainda assim, aqui é pelo menos possível custear sozinho um serviço desses, sem depender exclusivamente de um emprego em uma empresa que ofereça esse benefício.

O dinheiro dos impostos mal administrado ou desviado criminosamente é algo em que nos igualamos. A única diferença, talvez, é que os cidadãos de lá já se atentaram para o fato de que é o político que trabalha para o povo e não o contrário. Um caso de corrupção lá é julgado, punido e considerado um ato vergonhoso; um caso de corrupção aqui é tratado com descaso, tanto pelo poder público quanto pela população que tanto enche a boca para falar dela e o povo é engambelado até finalmente esquecer de tudo. Nas próximas eleições, um partido coloca um ícone público que não vai fazer absolutamente nada em seu cargo, e que apenas servirá para “puxar” votos para aqueles políticos que a população não quis realmente eleger, e fica tudo certo.

Há no livro várias discussões políticas sobre a administração do dinheiro público e o valor real que o cidadão tem para o Estado. Esse tipo de argumentação é excelente para se fazer comparações e refletir sobre o que encontramos na nossa própria realidade e, com isso, pensarmos melhor sobre o que pode ser feito para mudar a situação - para melhor ou pior. Uma lição importante tirada das atitudes de Shep nesse livro é a de que a felicidade individual e do próximo é de total responsabilidade de próprio indivíduo, ou seja, são as escolhas de uma pessoa que fazem com que sua vida mude. Colocar toda a responsabilidade num governo corrupto e não se dispor a mover um dedo para impedi-lo, seja com votos conscientes ou cobranças dos políticos já eleitos, não muda absolutamente nada - e de quebra ainda dá a vantagem para os corruptos.

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Você já pensou em ser escritor?

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Ler é uma paixão, tanto quanto música, roupas ou qualquer outra. Cada um tem seus gostos e preferências e a diversidade é que torna o mundo um lugar mais bonito. Mas muitas vezes uma paixão se torna um hobby e o hobby se torna sonho. Apaixonados por roupas abrem lojas ou criam suas próprias grifes; apaixonados por música arriscam uma poesia aqui e umas notas ali, até criarem uma banda de garagem e seguirem em frente atrás de um sonho.

Quem gosta de ler não poderia ter um destino diferente. Muitos apaixonados pelas palavras escolhem esse caminho como um hobby e isso cresce a ponto de virar um sonho. O caminho para a realização é árduo, mas não impossível. Algumas coisas podem tornar o caminho mais fácil, como a prática e o estudo.

Com essa intensão, Sonia Belloto criou a oficina Fábrica de Textos, que ganha cada vez mais edições por todo o país a cada ano. Com base em sua vasta experiência, a autora ministra oficinas que ajudam o escritor em potencial a concretizar seu sonho de colocar no papel uma boa ideia de história. E para registrar sua experiência, fez-se necessário o nascimento do livro Você Já Pensou em Escrever um Livro?, que traz dicas para começar a escrever, como elaborar enredos e personagens, como pensar em seu público alvo e, especialmente, como começar a busca por publicação.


A obra cumpre com o que promete logo na capa, desmistificando a arte literária para leigos, reduzindo o estresse inevitável na produção de seu próprio livro. Trata-se de um material introdutório imprescindível na carreira de um escritor que quer ver seu livro pronto, mas não sabe bem por onde começar.

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Frozen e suas várias leituras

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Nos contos de fadas e histórias sobre príncipes e princesas, um grande problema envolve a vida de duas pessoas, normalmente relacionado a magia e ao fantástico. Em geral, a convivência faz com que essas pessoas descubram melhor umas às outras e elas fatalmente acabam se apaixonando.

Porém, apenas com a resolução do problema é que elas podem finalmente encontrar o seu “felizes para sempre”. Essa busca envolve tempo, determinação, vontade de se sacrificar pelo outro, enfim, uma infinidade de características nobres, todas elas resultado de uma só arma eficiente contra todo o tipo de mal: o amor verdadeiro.

Os contos de fada em geral e as histórias da Disney nos ensinam algo forte desde que nascemos: mães, pais, família, nada importa. Só o príncipe encantado e a bela princesa é que conseguem demonstrar esse amor verdadeiro.

Em Frozen, Eliza nasce sob uma maldição: ela tem o poder do frio em suas mãos e pode congelar o que quiser. No início, isso é até divertido, mas com o tempo seus poderes ficam mais fortes a ponto de ela não conseguir controlá-los. Seus pais, numa tentativa desesperada de proteger duas filhas, isola Eliza e não deixa que a caçula, Anna, entre em contato com a irmã. Sem entender, Anna cresce na solidão do palácio, sem amigos e numa dúvida cruel sobre o motivo que levou a família real a se isolar do mundo.

Eliza é a garota que chega à adolescência e não consegue controlar seus sentimentos. Uma vez sozinha e fora do alcance de olhares críticos e acusadores dos outros, ela se sente finalmente livre e capaz de aprender a ter controle sobre si mesma. A garota, porém, só não teve muita prática em lidar com outras pessoas, portanto não sabe direito como agir com elas, o que a deixa bastante insegura. Esse é um comportamento totalmente esperado de uma jovem superprotegida que foi mantida sob uma redoma para sua própria proteção, segundo seus próprios pais.

Por outro lado, temos um jovem simples e divertido, cujo melhor amigo é um mascote, e que, como todo
jovem rapaz, quer se exibir para uma jovem bonita. Anna, a caçula da família real, é a garota romântica e sonhadora que jura ter se apaixonado à primeira vista pelo príncipe Hans, rapaz que nunca tinha visto na vida. Se por um lado ela só quer viver um grande amor com seu príncipe, por outro, se preocupa com o destino da irmã.


No decorrer da história, pode-se observar várias formas de amor. O amor interesseiro do príncipe Hans; o amor paternal e protetor do casal real; o amor entre dono e mascote; o amor que nasce de uma amizade inesperada; e até o amor entre irmãos. O mais interessante do filme é justamente essa desmistificação do amor, tornando sua abrangência uma coisa mais ampla e variada que pode se manifestar de várias formas e nem por isso ser menos verdadeiro.


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Contos dos Irmãos Grimm

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Os contos de fadas são histórias criadas para entreter, mas também para ensinar. Várias características comuns aos contos de fadas são importantes na formação psíquica e desenvolvimento pedagógico das crianças. Muitos estudiosos já trataram do assunto e talvez o trabalho mais interessante sobre isso é o livro A Psicanálise dos Contos de Fadas, de Bruno Betteheim (disponível para download integral gratuito aqui). Em seu livro, Betteheim faz uma profunda análise sobre os mais variados títulos de contos de fadas conhecida. O objetivo dos contos de fadas, portanto, é edificante e construtivo. Existe uma postura geral em que o bem sempre vence o mal e o mal sempre acaba perdendo. Um recado para as crianças escolherem desde cedo de que lado vale mais a pena ficar.

Os irmãos Grimm
No caso dos contos dos irmãos Grimm a história já é um pouco diferente. O objetivo inicial dos Grimm ao reunir seus contos em um único livro era simplesmente reunir as histórias contadas de boca a boca pelo povo alemão, que ainda não tinha o hábito de registrar essas histórias. Sem registro, elas estariam fadadas a morrer e desaparecer com o iminente fim da tradição de contar histórias. Nessa época, vários acadêmicos em toda a Alemanha estavam empenhados em criar formas de fortalecer o patriotismo do país, e os Grimm eram apenas alguns dos envolvidos nessa corrente.

Posto isso, engana-se quem acredita que o objetivo desses contos era proporcionar uma moral edificante. Muito diferente dos contos de fadas, é fácil notar várias características subversivas nessas histórias para crianças e adultos. A futilidade muitas vezes é exaltada em contraste a características mais nobres. Ser a mais bela, por exemplo, é sempre de importância vital. Essa característica lembra a mitologia grega, em que as deusas são extremamente vaidosas e vivem competindo para provar quem é a melhor no quesito.

Branca de Neve
Os homens, nos contos dos Grimm, também só têm valor quando são belos. Personagens feios se tornam
heróis/heroínas apenas quando adquirem beleza ou conseguem solucionar um problema físico. A relação de poder e beleza está sempre em evidência: o príncipe só se casa com a plebeia mais bela, é vencedor aquele(a) que consegue o parceiro mais belo. Na mitologia grega, os deuses escolhem os mortais mais belos para seduzir e os semideuses nascem apenas de relacionamentos com essas pessoas.

É possível notar uma forte relação com o número três: são sempre três provas, três concorrentes, três conselhos/conselheiros, três prêmios. Na mitologia, Cérbero, o cachorro de Hades, possui três cabeças. Na entrada do submundo existem três guardiões dos fios da vida das pessoas, as Moiras. Nos Grimm, o terceiro é sempre o bem-sucedido; geralmente o mais novo, o mais fraco, o mais desacreditado, como se fosse uma forma de compensação com relação às vantagens dos outros dois. Além disso, o universo parece conspirar a favor dos terceiros, por valorizarem suas boas características morais, como humildade, trabalho, obediência, disciplina.

A Princesa e o Sapo
Os contos dos Grimm, no entanto, não têm o objetivo nobre das fábulas e contos de fadas. Em muitas histórias, o personagem que leva a melhor trapaceia e vive pregando peças nos outros, às vezes sem punição. As punições, aliás, são sempre muito severas; consistem em castigos físicos e até em morte. Para fazer um paralelo com a mitologia grega, as punições aplicadas são sempre relacionadas a esforço (como Atlas e Prometeu) ou com transfigurações (Narciso).

Em termos de literatura, existe a teoria de que nenhuma história é totalmente original. Um dos fatos que comprova essa teoria é a possibilidade de se encontrar hipertextos nas histórias e de se estabelecer paralelos a partir daí. Não se trata de plágio, pois não é questão de cópia pura, mas, sim, de influência e criatividade para renarrar fatos – mesmo que não baseado em fatos reais. Outra hipótese é que toda história repassada oralmente tende a ganhar ou perder elementos. O trabalho dos Grimm foi reunir histórias contadas em toda a Alemanha. Em algumas delas foi possível observar um enredo semelhante e chegar-se a conclusão de que se tratavam da mesma história; outras, entretanto, só pareciam semelhantes, pois seus detalhes variavam tanto que era mais prático registrá-las como histórias diferentes.

Outra evidência, ainda, é a semelhança com os contos clássicos da mitologia. Mesmo entre a mitologia grega e a nórdica existem muitas semelhanças, com diferenças apenas nos nomes. A Alemanha sofreu influência da mitologia nórdica, por isso é normal que seus contos populares sejam semelhantes à ela.

João e Maria

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Técnicas para Escrever Ficção – Julio Rocha

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Escrever deixou de ser uma prática restrita a nerds e escritores de gaveta depressivos. Hoje, o mercado oportunistas. Compartilhar conhecimento e técnicas para se desenvolver e estimular o processo criativo é algo excelente, e não existia muitos cursos, oficinas e literatura sobre o assunto há alguns anos atrás. Essa revolução do conhecimento nesse campo faz parte dos dias de hoje. A Internet, com cursos virtuais no estilo EAD (ensino à distância) contribuiu bastante com o crescimento desse mercado editorial incentiva o surgimento de novos autores e, na rabeira desse sucesso contemporâneo, vieram vários

Para ter o sonho de publicar o primeiro livro, muitos autores recorrem a editoras menores, pois as grandes editoras possuem um processo de seleção bem mais rigoroso. Uma vez publicado seu livro, o autor tem a oportunidade de colocar em jogo todo o poder de marketing que sua criatividade lhe permitir e, assim, conforme desponta no mercado literário, traz reconhecimento para sua editora e para si mesmo. Esse reconhecimento é o que o destaca e chama atenção das grandes editoras. Grande parte dos bons autores que temos hoje no mundo todo começaram com publicações independentes ou em editoras pequenas em processo de início de carreira.

Uma modalidade de autopromoção encontrada por alguns autores é a confecção de palestras e workshops ensinando as técnicas para escrever e publicar um livro. Alguns são autênticos, outros se desenvolvem seu próprio conteúdo sobre aquilo que aprenderam antes com outros mestres, que lhes possibilitaram escrever seu próprio livro.

Esse é o caso de Julio Rocha, autor de Teia Negra. Tendo lançado este livro, em seguida o autor se lançou ao mercado de educação em prol de novos escritores. O autor possui duas obras de ficção e uma técnica, que é o livro de que trada este artigo.

O objetivo por trás da criação desse livro fica bem claro para o leitor: a autopromoção do romance “Teia Negra”. Em todo o livro, Rocha não perde uma única oportunidade de citá-lo, fazendo isso até em momentos em que o artifício é irrelevante. A maioria dos tópicos torna-se desculpa para se apresentar trechos do livro. Em poucos deles o exemplo é realmente justificado.

Ele cita várias obras ao longo do livro, justamente com o nome de seus respectivos autores, mas não existe bibliografia ao final do livro, como manda as normas de publicação. As referências são escritas de maneira informal e também não seguem as normas editoriais.

O índice não possui numeração, mas os capítulos são organizados em ordem numérica. Essa é uma inconsistência grave do ponto de vista gráfico. O estilo dos títulos deve ser padronizado e, portanto, aparecer de forma igual tanto no índice quanto nos inícios de capítulo.

Logo na introdução o autor explica o propósito do livro. Como o próprio título já expõem, esse é um material técnico, que aborta aspectos da arte de escrever ensinando ao escritor como melhor utilizar as palavras para contar histórias. Essa apresentação, no entanto, parece contraditória conforme a leitura flui. Os tópicos possuem explicações vagas ou inexistentes para as técnicas utilizadas. Em vários capítulos o autor apenas cita técnicas literárias observadas em outros autores, mas não cita exemplos ou, quando o faz, se limita a isso, sem explicar o que foi observado e como funciona essa técnica. Às vezes fica difícil compreender o que o autor está querendo dizer.

Em diversos momentos o autor cita técnicas literárias e se esquiva de explicá-las. Como exemplo, falando sobre a utilização de ponto de vista neutro em narrativas, o autor cita a obra HarryPotter, mas conclui sua citação com as seguintes palavras:

“De qualquer forma, o ponto de vista neutro é difícil de ser usado e somente deve ser por aqueles que dominam a técnica, portanto não vou me aprofundar.” (ROCHA, 2010, p. 39)

Ou seja, Rocha se propõe com a fazer uma análise de técnicas literárias e ensiná-las ao escritor que pretende conhecer o funcionamento da criação e melhorar suas próprias técnicas de escrita, mas se esquiva da conclusão do trabalho. Com isso, o leitor termina com mais dúvidas sobre o assunto do que quando começou a leitura do livro.

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Sobre Pensamentos Avulsos...

Pensamentos Avulsos são divagações e outras bobagens que saem da cabeça insana dessa que vos escreve. Espaço livre para meu bel prazer de escrever e expor de alguma forma minhas idéias. Como blogueira, eu gosto de comentários; como escritora, eu preciso de críticas. Ambos me servem como uma espécie de termômetro de qualidade para a minha produção. Portanto, por gentileza, colabore. :-)

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