As mãos

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Os sentidos servem para que se percebam as coisas que estão à volta. Alguns deles entram em ação sem que seu dono possa intervir: não é possível simplesmente decidir que não se quer sentir um cheiro ou que não se vai ouvir um som; mesmo tapando os ouvidos com os dedos, o máximo que se consegue é abafar o barulho. Mesmo a visão está fora do nosso controle total: é possível fechar os olhos, mas ainda é possível perceber alguma coisa, como a claridade ou a escuridão. O paladar e o tato – primos próximos -, no entanto, são na maioria das vezes sensores voluntários. Um alimento é levado à boca pela vontade de seu dono, e as coisas são tocadas quando ele quer.

Os principais órgãos que colocam em prática a função do tato são as mãos. Temperatura, textura, estado, formato, são todas características perceptíveis através de um toque. Mas as mãos não percebem tão pouco: com apenas um toque é possível descobrir estados psicológicos como ansiedade, alegria, medo, ou uma cicatriz que denuncia uma experiência.

Diferente dos outros órgãos de sentido – com exceção dos olhos que, para pessoas mais sensíveis, falam mais que a boca –, as mãos conseguem muito mais que receber, elas dão. Com um toque demonstra-se carinho, transmite-se segurança, cumprimenta-se. Uma mão consegue ferir a carne e alcançar à alma em um tapa. As mãos gritam desejo, alteram o ritmo cardíaco, fazem as pessoas suarem, sorrirem, até rirem sozinhas.

As mãos conversam com outras pessoas. Elas são as únicas a falar com todos os sentidos. Um sinal de positivo, negativo ou um não. Um aplauso. Um dedo sapeca que acaba de furar um bolo. Um beijo educado em uma mão perfumada de sabonete ou creme. Todos os sentidos são atendidos por elas.

As mãos mexem com os sentimentos. São mãos que magoam; mãos que perdoam; mãos que protegem; mãos que falam; mãos que excitam; mãos que cativam; mãos que odeiam e amam. Como um simples toque pode causar tantas reações diferentes e controversas?

1 comentários:

Paulo Esgalha 14 de abril de 2014 às 16:38  

Mari, lindo! Simples e tocante! Parabéns!!!!

Sobre Pensamentos Avulsos...

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