Qual a diferença?

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Na teoria a lei aborda uma ação realizada em uma estrutura hierárquica. Mas e quando um amigo é quem assedia? Qual a diferença de um chefe, professor ou familiar assediar uma pessoa e de alguém que se diz amigo fazer isso? E um estranho na rua, no bar, na balada?

O problema está no peso que se dá às palavras e à situação. Quando se trata de alguém próximo (família, trabalho, ambiente acadêmico), a coisa parece hedionda. Quando parte de um estranho, é igualmente ruim. Mas se é um amigo o ator da ação, as pessoas parecem achar que não é tão importante assim. Algumas até vão dizer que a pessoa que está reclamando do assédio está exagerando, que não foi nada disso. O assediador na verdade é um galanteador que não perde uma oportunidade. E isso reduz automaticamente a sua culpa em um ato normal e mal interpretado.

Vivemos em um mundo de inversão de valores. Atos graves que acontecem todos os dias têm se tornado tão comuns que caíram na banalidade no conceito das pessoas. Ora, se o respeito deve imperar, um único “não” deve ser mais do que o suficiente para que o outro não insista em constranger, ou seja, em forçar a pessoa não fazer o que ela não quer.


Não estou dizendo que a arte da conquista está fadada a se extinguir. Muito pelo contrário; conquistar tem muito disso: convencer o outro de seus atributos, sem ter que força-lo a te “engolir na marra”. Uma vez que você precise usar de força ou de violência psicológica para conseguir o que quer, você não tem atributos para conquistar ninguém, você não passa de um incompetente. E pior: você é mais um babaca, mais um criminoso solto no mundo pela impunidade, seja por força da lei, seja por força de uma sociedade negligente e hipócrita, que tolera alguns tipos de violência mais do que as outras pelo simples ato de dar a eles um nome que não lhes cause tanto mal-estar.

Violência tem várias formas, e alguns nomes a amenizam, especialmente aos olhos do agressor. Excesso de amor às vezes é sinal de que o amor já se foi há muito tempo (se é que algum dia existiu), e toma ares de obsessão - doença psiquiátrica que ninguém assume que tem, mas que só tende a piorar. E um louco sempre enlouque gente sã, levando-os para o mesmo caminho de doença. O ideal é se "cultivar", se amar e prestar atenção em você. E quando perceber que está em um relacionamento que bem não faz, o melhor é fazer de tudo para se livrar disso, se afastar até uma distância segura para a sua saúde. Recomendo o excelente vídeo da Jout Jout sobre o assunto.


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Lembranças

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Se você morresse hoje, o que teria feito? Teria realizado todos os seus desejos? Teria feito a diferença na vida de alguém?

Um inconformado por natureza, Tyler (Robert Pattinson) é o filho do meio de uma família moderna. Seus pais são separados e ele e a irmã mais nova moram com a mãe (Lena Olin) o padrasto. O pai (Pierce Brosnan) é um importante empresário que não tem tempo para a família, e acha que faz o suficiente apenas custeando as necessidades dos filhos.

Tyler nunca se recuperou completamente da perda do irmão mais velho, que se suicidou. Apaixonado por sua irmã mais nova, faz de tudo para vê-la feliz. O que o deixa extremamente enfurecido é ver a indiferença dos outros para com ela, especialmente quando se trata do próprio pai que, para ele, coloca simplesmente tudo à frente da família. Seu grande senso de justiça sempre acaba metendo Tyler em enrascadas ao se propor a defender o que é certo. O tamanho do problema que ele atrai pouco importa; seu desejo é ver todas as coisas acontecendo da forma certa.

Todos os acontecimentos na vida de Tyler acabam tornando-o um jovem bem introspectivo. Na faculdade tem apenas um amigo, Aidan, cujo comportamento é totalmente o oposto dele. Buscando apenas diversão, Aidan propõe um desafio a Tyler: conquistar a filha de um investigador durão, a bela Ally Craig (Emilie de Ravin), que estuda na mesma universidade que eles, e depois dispensá-la. O que Tyler não sabe é que a história que Ally esconde por trás de seu sorriso fácil e de sua atitude sempre positiva é bem mais complicada do que imagina: Ally assistiu ao assassinato de sua mãe aos 10 anos de idade, e desde então desenvolveu algumas manias como forma de autoproteção.

Lembranças é um filme de uma delicadeza ímpar. Com naturalidade, explora vários dramas reais do dia a dia de quem vive em grandes centros. A questão mais profunda tratada no filme é a reflexão sobre o que você faz hoje. Depois da morte do irmão, Tyler cria o hábito de escrever em um caderninho, como se estivesse dialogando com o falecido irmão, sobre seus pensamentos. O pensamento mais recorrente em suas discussões de via única é justamente sobre o que ele está fazendo nessa vida. Ele se pergunta se vão se lembrar de quem ele foi ou das coisas que ele fez enquanto estava vivo e se isso vai importar alguma coisa depois que ele morrer. Ally tem uma preocupação parecida: para ela, é melhor aproveitar o momento para fazer o que quiser no exato momento em que tiver vontade, pois, se por algum infortúnio ela vier a morrer naquele momento, pelo menos ela saberia que morreria feliz por ter realizado aquele desejo a tempo.

Tempo é uma medida muito subjetiva. A subjetividade se dá provavelmente pelo fato de não se poder prever o que acontecerá nos próximos minutos, horas, dias, anos. Nesse cenário, decidir-se por fazer algo e colocá-lo em prática, que parecia uma tarefa fácil, passa a ser bem complicado diante da perspectiva de uma morte repentina. Mais do que aproveitar a vida, o filme fala sobre aproveitá-la com qualidade, de forma que sua vida tenha de fato algum significado, nem que seja para apenas uma pessoa no mundo todo.


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Sobre Pensamentos Avulsos...

Pensamentos Avulsos são divagações e outras bobagens que saem da cabeça insana dessa que vos escreve. Espaço livre para meu bel prazer de escrever e expor de alguma forma minhas idéias. Como blogueira, eu gosto de comentários; como escritora, eu preciso de críticas. Ambos me servem como uma espécie de termômetro de qualidade para a minha produção. Portanto, por gentileza, colabore. :-)

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