Auto-algoz
segunda-feira, 21 de abril de 2014
O que leva uma pessoa a tomar uma
decisão? O que a leva a não agir de forma alguma? Os critérios para essas
perguntas são vários e, em geral, muito pessoais. Influências externas têm um
grande peso nas decisões tomadas, não necessariamente no sentido de conselhos
(“você deveria”, “você não pode”). As maiores inimigas das decisões são as do
tipo “o que vão dizer”.
Pensar muito sobre o assunto pode
reduzir o tempo que temos para agarrar uma oportunidade; mas agarrá-la logo de
cara, impulsivamente, faz com que se opte por ações precipitadas que não saem
tão bem. Não é o que vão pensar, mas o que os envolvidos vão achar de tudo isso
e como passarão a vê-lo dali em diante. Que valor tem o que eles pensarão para
você?
É uma questão delicada. É muito
fácil dizer que não se deve dar credibilidade ao que os outros vão pensar de
sua atitude, mas na prática é impossível viver totalmente isolado dos efeitos
que a opinião alheia pode causar. Desde que o ser humano é um ser social e que,
portanto, vive em uma sociedade (seja ela no nível familiar, seja ela em um
âmbito universal), a opinião importa. Você pode até passar por cima dela e não
se impedir de fazer alguma coisa, mas há situações em que é complicado fazer
algo e ver o outro se afastando e ignorando você.
No campo dos relacionamentos não
é diferente. Uma pessoa normal tolera a rejeição, por pior que seja. Um tímido
a encara como um trauma eterno que nem anos de terapia resolveria. Uma pessoa
normal vê alguém interessante na festa e tenta uma iniciativa. E se não der
certo? Tudo bem. Na próxima festa haverá gente interessante também, é só tentar
de novo; uma funciona. O tímido – coitado! – vai pensar mil vezes antes de
falar “oi” para a outra pessoa. Vai considerar todas as possibilidades. Vai
pensar se deve ou não dar algum sinal – e vai pensar se tem coragem suficiente
ou não para tanta ousadia. E vai embora sozinho, porque a festa acabou e a
pessoa interessante foi embora, e só com muita sorte ele teria uma nova
oportunidade de se encontrar com ela.
Mas a timidez tem lá suas
vantagens. É graças a elas que os tímidos não se colocam em riscos muito altos
de exposição de sua imagem ao ridículo e, em boa parte do tempo, são salvos de
situações embaraçosas. Por outro lado, existem outros constrangimentos a que os
tímidos acabam submetidos. Sem querer, eles se privam de riscos relevantes, que
poderiam render uma vitória ou derrota, sem se dar conta de que a probabilidade
é a mesma para os dois resultados. Para não falar das situações divertidas, das
risadas e de momentos bons dos quais eles se privam. E não se pode esquecer –
jamais! – as oportunidades perdidas.
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