Técnicas para Escrever Ficção – Julio Rocha
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Escrever deixou de ser uma
prática restrita a nerds e escritores de gaveta depressivos. Hoje, o mercado
oportunistas.
Compartilhar conhecimento e técnicas para se desenvolver e estimular o processo
criativo é algo excelente, e não existia muitos cursos, oficinas e literatura
sobre o assunto há alguns anos atrás. Essa revolução do conhecimento nesse
campo faz parte dos dias de hoje. A Internet, com cursos virtuais no estilo EAD
(ensino à distância) contribuiu bastante com o crescimento desse mercado editorial incentiva o surgimento de novos autores e, na rabeira desse sucesso
contemporâneo, vieram vários
Para ter o sonho de publicar o
primeiro livro, muitos autores recorrem a editoras menores, pois as grandes editoras
possuem um processo de seleção bem mais rigoroso. Uma vez publicado seu livro,
o autor tem a oportunidade de colocar em jogo todo o poder de marketing que sua
criatividade lhe permitir e, assim, conforme desponta no mercado literário,
traz reconhecimento para sua editora e para si mesmo. Esse reconhecimento é o
que o destaca e chama atenção das grandes editoras. Grande parte dos bons
autores que temos hoje no mundo todo começaram com publicações independentes ou
em editoras pequenas em processo de início de carreira.
Uma modalidade de autopromoção
encontrada por alguns autores é a confecção de palestras e workshops ensinando
as técnicas para escrever e publicar um livro. Alguns são autênticos, outros se
desenvolvem seu próprio conteúdo sobre aquilo que aprenderam antes com outros
mestres, que lhes possibilitaram escrever seu próprio livro.
Esse é o caso de Julio Rocha,
autor de Teia Negra.
Tendo lançado este livro, em seguida o autor se lançou ao mercado de educação
em prol de novos escritores. O autor possui duas obras de ficção e uma técnica,
que é o livro de que trada este artigo.
O objetivo por trás da criação
desse livro fica bem claro para o leitor: a autopromoção do romance “Teia Negra”.
Em todo o livro, Rocha não perde uma única oportunidade de citá-lo, fazendo
isso até em momentos em que o artifício é irrelevante. A maioria dos tópicos
torna-se desculpa para se apresentar trechos do livro. Em poucos deles o
exemplo é realmente justificado.
Ele cita várias obras ao longo do
livro, justamente com o nome de seus respectivos autores, mas não existe
bibliografia ao final do livro, como manda as normas de publicação. As
referências são escritas de maneira informal e também não seguem as normas
editoriais.
O índice não possui
numeração, mas os capítulos são organizados em ordem numérica. Essa é uma inconsistência
grave do ponto de vista gráfico. O estilo dos títulos deve ser padronizado e,
portanto, aparecer de forma igual tanto no índice quanto nos inícios de
capítulo.
Logo na introdução o autor
explica o propósito do livro. Como o próprio título já expõem, esse é um
material técnico, que aborta aspectos da arte de escrever ensinando ao escritor
como melhor utilizar as palavras para contar histórias. Essa apresentação, no
entanto, parece contraditória conforme a leitura flui. Os tópicos possuem
explicações vagas ou inexistentes para as técnicas utilizadas. Em vários
capítulos o autor apenas cita técnicas literárias observadas em outros autores,
mas não cita exemplos ou, quando o faz, se limita a isso, sem explicar o que
foi observado e como funciona essa técnica. Às vezes fica difícil compreender o
que o autor está querendo dizer.
Em diversos momentos o autor cita
técnicas literárias e se esquiva de explicá-las. Como exemplo, falando sobre a
utilização de ponto de vista neutro em narrativas, o autor cita a obra HarryPotter,
mas conclui sua citação com as seguintes palavras:
“De qualquer forma, o ponto de vista neutro é difícil de ser usado e somente deve ser por aqueles que dominam a técnica, portanto não vou me aprofundar.” (ROCHA, 2010, p. 39)
Ou seja, Rocha se
propõe com a fazer uma análise de técnicas literárias e ensiná-las ao escritor
que pretende conhecer o funcionamento da criação e melhorar suas próprias técnicas
de escrita, mas se esquiva da conclusão do trabalho. Com isso, o leitor termina
com mais dúvidas sobre o assunto do que quando começou a leitura do livro.
1 comentários:
Por isso é bom sempre correr atrás para ver quem é o cara por trás das páginas, pode ser que ele conheça menos que o próprio leitor.
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