Angústia

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Esta noite não tenho a quem recorrer. Poderia sair. Ir a um bar. Beber. Conhecer alguém. Falar. Falar... É tão difícil falar. É mais fácil escrever. Mas ultimamente não escrevo. E isso me faz muito mal. Sim, poderia sair. Mas não tenho vontade. Não tenho força. Não tenho força para transpor a noite. (...) A angústia progride. Avança. Invade. Toma conta de todo meu ser. Sinto a mente embotada - não consigo raciocinar. A respiração torna-se ofegante. Algo me oprime o peito. Falta-me o ar. A angústia deve estar muito alta. Sim, terrivelmente elevada. Perigosamente. Mas não se mede a angústica como a febre. Não existe angustiômetro. Não aguento mais. Não posso continuar assim. Não quero. Não tenho mais forças para prosseguir. Esgotei-me. Exauri-me. O nada me absorve. A vontade coagula-se. Hemorragia do desejo. Quero a paz do outro nada. Sim, a paz do outro nada. Não pensar. Não sentir. Não existir. Não ser. Quero acabar de uma vez por todas.

(Trecho de O Bábraro Liberto, de R. Roldan-Roldan)

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