O poeta e o escritor
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
- Além do mais eu vivo o que escrevo.
- Ah! Quer dizer que você também é escritor. Está vendo, bem que eu desconfiava.
- Poeta. Não escritor.
- Qual é a diferença?
- Acabo de expô-la.
- Não a captei.
- O poeta, o verdadeiro poeta, vai até as últimas consequências. Não só escreve o que vive como, principalmente, vive o que escreve. Seus atos estão de acordo com sua palavra. Sua forma de viver coaduna-se com a de escrever e vice-versa. E a grande poesia é a dos extremos. E não venha me dizer que existem poetas que fazem outro gênero de poesia. Sabe, aquela coisa rançosa das academias, de certas agremiações, ou de certos poetinhas que compõem alguns versinhos comportados, contidos como freiras histéricas e herméticos como esfinge de subúrbio, vomitavelmente líricos, místicos ou patrióticos. Pouco ou nada me interessa a rima, o ritmo e a própria musicalidade desde que a visão, a alucinação esteja presente. O poeta é um visionário antes de mais nada. Enquanto o escritor...
O Homem-de-Zárkia exaltara-se. Havia paixão em sua voz e, embora eu não pudesse ver seu olhar, sabia que suas pupilas deveriam estar soltando faíscas naquele momento.
- Enquanto o escritor?... - perguntei.
- O escritor é, via de regra, mais racional. Logo, mais pobre, ou seja, mais limitado. Sem contar que ele vive numa torre de marfim, totalmente alienado.
- Esses atributos podem ser também aplicados aos poetas.
- Nesse caso não são poetas. Poeta não é aquele que escreve versos - qualquer um aprende a escrever versos, é uma questão de técnica -, mas um modo de viver. Ser escritor não é um modo de viver.
(Trecho de O Bábraro Liberto, de R. Roldan-Roldan)
- Ah! Quer dizer que você também é escritor. Está vendo, bem que eu desconfiava.
- Poeta. Não escritor.
- Qual é a diferença?
- Acabo de expô-la.
- Não a captei.
- O poeta, o verdadeiro poeta, vai até as últimas consequências. Não só escreve o que vive como, principalmente, vive o que escreve. Seus atos estão de acordo com sua palavra. Sua forma de viver coaduna-se com a de escrever e vice-versa. E a grande poesia é a dos extremos. E não venha me dizer que existem poetas que fazem outro gênero de poesia. Sabe, aquela coisa rançosa das academias, de certas agremiações, ou de certos poetinhas que compõem alguns versinhos comportados, contidos como freiras histéricas e herméticos como esfinge de subúrbio, vomitavelmente líricos, místicos ou patrióticos. Pouco ou nada me interessa a rima, o ritmo e a própria musicalidade desde que a visão, a alucinação esteja presente. O poeta é um visionário antes de mais nada. Enquanto o escritor...
O Homem-de-Zárkia exaltara-se. Havia paixão em sua voz e, embora eu não pudesse ver seu olhar, sabia que suas pupilas deveriam estar soltando faíscas naquele momento.
- Enquanto o escritor?... - perguntei.
- O escritor é, via de regra, mais racional. Logo, mais pobre, ou seja, mais limitado. Sem contar que ele vive numa torre de marfim, totalmente alienado.
- Esses atributos podem ser também aplicados aos poetas.
- Nesse caso não são poetas. Poeta não é aquele que escreve versos - qualquer um aprende a escrever versos, é uma questão de técnica -, mas um modo de viver. Ser escritor não é um modo de viver.
(Trecho de O Bábraro Liberto, de R. Roldan-Roldan)
1 comentários:
Me apaixonei por cada linha do que li.
Me lembre de ler este livro quando passar as datas do vestibular.
O Rodrigo comentou comigo a respeito de uma frase que é presente no filme de Beethoven, e a idéia principal dela costuma parafrasear em minha mente. É algo como: "Ouve sussuros em seu ouvido? Pois saiba que Deus grita em meus ouvidos, por isso me fez surdo. "
Essa frase tem muito do sentir o que se cria e criar o que se sente ;)
*tem um selo pra ti no meu blog.
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