O poder das palavras - mais um passo para um mundo melhor
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
(E aí vem o post mais hipócrita que eu já escrevi na vida. Prometo nunca mais fazer isso novamente. Não posso fugir sempre dos meus princípios, né? Que credibilidade eu teria?)
Momentos de raiva são ótimos detonadores de sinceridade. Aliás, acho que isso deveria ser usado em técnica de tortura de guerra: ao invés de agulhas de bambu sob as unhas, é mais fácil deixar o cara com raiva. Muita raiva. Só assim para ele falar tudo o que sente, tudo o que pensa, e nunca teve oportunidade (coragem) de falar antes. O sentimento de raiva é capaz de bloquear a mente a ponto de nos fazer perder totalmente o controle sobre nossas ações. É melhor que soro da verdade. Às vezes a gente tolera tanta coisa errada que nem percebe que já está chegando ao ponto crítico (sutil, até, eu diria) entre a serenidade (razão) e a raiva (falta dela). É como se todas essas coisas aborrecedoras fossem se acumulando em algum canto escuro e esqucido da mente, até que ele fica tão cheio, mas tão cheio, que transborda e contamina todo o resto.
Às vezes esse transbordamento é bom: falamos verdades a pessoas que precisavam ouvi-las para "se tocarem"; balde de água fria às vezes é a única coisa que acorda essas pessoas e as arranca de sua alienação. Por outro lado, é como em acidentes de carro provocados por bêbados: a pessoa mais inocente é sempre a que morre. Num estouro de raiva, a pessoa que menos tem a ver com a sua irritação é a que sai mais magoada. No momento de raiva você finalmente fala tudo o que pensa dos defeitos dela, mas só quando se acalma percebe a burrada que fez. Porque ela não tinha defeitos? Não exatamente (quem está livre de defeitos?). Mas porque você falou sinceramente demais. Não dizem que a sinceridade é a base de todo relacionamento? É e não é. É, porque viver num mundo de ilusão e incertezas é horrível. Não é porque até a verdade tem que ser, de certa forma, maquiada de vez em quando, porque verdade é uma coisa dura e pesada que, se cai no pé, tem que amputar. Machuca de verdade. E dói demais. Pior que isso só quando, junto com a verdade, nos equivocamos e dizemos não-verdades, que ferem ainda mais.
E quando fazemos coisas que pensamos ser boas ou que não vai afetar ninguém, e "matamos" outra pessoa por conta disso? Fazemos isso toda hora e nem percebemos. Não raro tomamos atitudes pensando em nós mesmos esquecendo-nos das consequências. Talvez a única lei da física que faça sentido para mim: toda ação gera uma reação. Pena que não conseguimos prever as reações. Tá, algumas pessoas simplesmente não estão nem aí. Às vezes a gente realmente fez sem querer, sem intenção de magoar. Mas fez. Aconteceu. Magoou. Quantas vezes isso já não aconteceu?
Quando você é criança e briga com seu irmão seus pais te mandam pedir desculpas. Aí você fala, porque se não falar vai ficar de castigo. Mas que sentido tem esse pedido de desculpas? Nenhum. É vago e não significou nada. Você não reconheceu verdadeiramente o erro que cometeu para dar o devido valor ao pedido de desculpas. Essa é uma das expressões que, para mim, está perdendo o sentido, pelo excesso de uso sem conexão com o que realmente se sente ("te amo" e a palavra "crítica" estão na minha lista de "palavras perdendo seu real sentido" - assunto para outro post). Atualmente a gente já cresce sem entender o peso das palavras.
E não pense que a pessoa realmente esqueceu o que aconteceu quando te responde "tudo bem, já esqueci" quando você fala um "desculpa" vago. Pense na sua vida: você realmente esqueceu uma mancada dada pelo seu melhor amigo um dia? A menos que o mundo sofra de Alzheimer, eu duvido que tenha alguém que verdadeiramente esqueça mágoas. A educação nos faz dizer sempre "não tem problema", "não foi nada". E a gente quase sempre está sendo extremamente falso quando diz isso. Tudo pela política de boa vizinhança.
Mas se o feito não pode ser desfeito, o que fazer para se redimir? Veneno de cobra se cura com veneno de cobra. Se a sinceridade machuca, a sinceridade também é cicatrizante. O bom dos momentos de raiva (em pessoas normais, claro) é que depois, quando passa, nos sentimos um lixo por reconhecer que exageramos. Reconhecer nossos erros é um começo. Mas não basta. O ideal é contar para quem a gente magoou que reconhecemos o erro. Segundo passo dado. E o mais difícil de todos: perdir desculpas.
Por que será que é tão difícil perdir desculpas? Porque sempre achamos que as pessoas vão tripudiar em cima da nossa humildade se fizermos isso (e eu me incluo nesse grupo, admito). É bom saber que se está certo, mas é totalmente humilhante (e quanto maior o orgulho da pessoa, pior é) reconhecer que erramos, e ainda por cima fazer isso publicamente. Mas atos de coragem como esse deveriam ser reconhecidos como heroísmo e - "viajando" alto - heroísmos como esse salvariam o mundo todos os dias.
A pessoa que "deve" essa palavra nem sempre consegue entender o sentido disso, mas a pessoa que precisa dela sabe bem a importância de um ato assim. Muitas vezes ela está "presa", de verdade, e só um pedido de desculpas ou um agradecimento esquecidos lá atrás são eficazes para libertá-la. Talvez não conserte 100% as coisas, mais melhora tudo! E as vezes a vida até pode voltar a correr numa boa, como antes. Esperança (e otimismo) é tudo.
Engraçado como são as coisas, né? Parece que quanto mais próxima a pessoa é de você, mais difícil é pedir desculpas. Vai entender!
Ponto final.
(Se alguém se identificou com esse texto, por favor, entenda como um pedido de desculpas da parte de uma orgulhosa covarde - que sou - que não tem coragem de dizer isso pessoalmente. Mas se o assunto continua não resolvido pra você, fala comigo. Normalmente eu sou aberta esclarecimentos. Gosto das coisas assim.)
Momentos de raiva são ótimos detonadores de sinceridade. Aliás, acho que isso deveria ser usado em técnica de tortura de guerra: ao invés de agulhas de bambu sob as unhas, é mais fácil deixar o cara com raiva. Muita raiva. Só assim para ele falar tudo o que sente, tudo o que pensa, e nunca teve oportunidade (coragem) de falar antes. O sentimento de raiva é capaz de bloquear a mente a ponto de nos fazer perder totalmente o controle sobre nossas ações. É melhor que soro da verdade. Às vezes a gente tolera tanta coisa errada que nem percebe que já está chegando ao ponto crítico (sutil, até, eu diria) entre a serenidade (razão) e a raiva (falta dela). É como se todas essas coisas aborrecedoras fossem se acumulando em algum canto escuro e esqucido da mente, até que ele fica tão cheio, mas tão cheio, que transborda e contamina todo o resto.
Às vezes esse transbordamento é bom: falamos verdades a pessoas que precisavam ouvi-las para "se tocarem"; balde de água fria às vezes é a única coisa que acorda essas pessoas e as arranca de sua alienação. Por outro lado, é como em acidentes de carro provocados por bêbados: a pessoa mais inocente é sempre a que morre. Num estouro de raiva, a pessoa que menos tem a ver com a sua irritação é a que sai mais magoada. No momento de raiva você finalmente fala tudo o que pensa dos defeitos dela, mas só quando se acalma percebe a burrada que fez. Porque ela não tinha defeitos? Não exatamente (quem está livre de defeitos?). Mas porque você falou sinceramente demais. Não dizem que a sinceridade é a base de todo relacionamento? É e não é. É, porque viver num mundo de ilusão e incertezas é horrível. Não é porque até a verdade tem que ser, de certa forma, maquiada de vez em quando, porque verdade é uma coisa dura e pesada que, se cai no pé, tem que amputar. Machuca de verdade. E dói demais. Pior que isso só quando, junto com a verdade, nos equivocamos e dizemos não-verdades, que ferem ainda mais.
E quando fazemos coisas que pensamos ser boas ou que não vai afetar ninguém, e "matamos" outra pessoa por conta disso? Fazemos isso toda hora e nem percebemos. Não raro tomamos atitudes pensando em nós mesmos esquecendo-nos das consequências. Talvez a única lei da física que faça sentido para mim: toda ação gera uma reação. Pena que não conseguimos prever as reações. Tá, algumas pessoas simplesmente não estão nem aí. Às vezes a gente realmente fez sem querer, sem intenção de magoar. Mas fez. Aconteceu. Magoou. Quantas vezes isso já não aconteceu?
Quando você é criança e briga com seu irmão seus pais te mandam pedir desculpas. Aí você fala, porque se não falar vai ficar de castigo. Mas que sentido tem esse pedido de desculpas? Nenhum. É vago e não significou nada. Você não reconheceu verdadeiramente o erro que cometeu para dar o devido valor ao pedido de desculpas. Essa é uma das expressões que, para mim, está perdendo o sentido, pelo excesso de uso sem conexão com o que realmente se sente ("te amo" e a palavra "crítica" estão na minha lista de "palavras perdendo seu real sentido" - assunto para outro post). Atualmente a gente já cresce sem entender o peso das palavras.
E não pense que a pessoa realmente esqueceu o que aconteceu quando te responde "tudo bem, já esqueci" quando você fala um "desculpa" vago. Pense na sua vida: você realmente esqueceu uma mancada dada pelo seu melhor amigo um dia? A menos que o mundo sofra de Alzheimer, eu duvido que tenha alguém que verdadeiramente esqueça mágoas. A educação nos faz dizer sempre "não tem problema", "não foi nada". E a gente quase sempre está sendo extremamente falso quando diz isso. Tudo pela política de boa vizinhança.
Mas se o feito não pode ser desfeito, o que fazer para se redimir? Veneno de cobra se cura com veneno de cobra. Se a sinceridade machuca, a sinceridade também é cicatrizante. O bom dos momentos de raiva (em pessoas normais, claro) é que depois, quando passa, nos sentimos um lixo por reconhecer que exageramos. Reconhecer nossos erros é um começo. Mas não basta. O ideal é contar para quem a gente magoou que reconhecemos o erro. Segundo passo dado. E o mais difícil de todos: perdir desculpas.
Por que será que é tão difícil perdir desculpas? Porque sempre achamos que as pessoas vão tripudiar em cima da nossa humildade se fizermos isso (e eu me incluo nesse grupo, admito). É bom saber que se está certo, mas é totalmente humilhante (e quanto maior o orgulho da pessoa, pior é) reconhecer que erramos, e ainda por cima fazer isso publicamente. Mas atos de coragem como esse deveriam ser reconhecidos como heroísmo e - "viajando" alto - heroísmos como esse salvariam o mundo todos os dias.
A pessoa que "deve" essa palavra nem sempre consegue entender o sentido disso, mas a pessoa que precisa dela sabe bem a importância de um ato assim. Muitas vezes ela está "presa", de verdade, e só um pedido de desculpas ou um agradecimento esquecidos lá atrás são eficazes para libertá-la. Talvez não conserte 100% as coisas, mais melhora tudo! E as vezes a vida até pode voltar a correr numa boa, como antes. Esperança (e otimismo) é tudo.
Engraçado como são as coisas, né? Parece que quanto mais próxima a pessoa é de você, mais difícil é pedir desculpas. Vai entender!
Ponto final.
(Se alguém se identificou com esse texto, por favor, entenda como um pedido de desculpas da parte de uma orgulhosa covarde - que sou - que não tem coragem de dizer isso pessoalmente. Mas se o assunto continua não resolvido pra você, fala comigo. Normalmente eu sou aberta esclarecimentos. Gosto das coisas assim.)
4 comentários:
bom assunto para dar sequencia ao post da maquiagem na minha opinião.
Infelizmente to meio burro hj pra escrever bem sobre ele.
Me desculpa?!rs
Não tenho a intenção de me intrometer em assuntos paralelos..
Mas abstraindo apenas o texto...
Uma coisa que pode funcionar, é não deixar acumular as verdades ou tolerar muito o que se passa é de grande utilidade. E ao invés de um grande 'estouro', 100 estouros menores.. onde os efeitos não são geradores de amputações...
E nesses casos esqueça a física.. até por que os postulados mudam..
"Toda ação gera uma reação de no mínimo igual intensidade."
Sabe como é.. nada é tão ruim que não possa piorar. Mas é assim que vivemos..
"Caminhando e andando e seguindo a canção..."
Hoje eu estava justamente conversando sobre sinceridade com um amigo. Repito o que disse a ele: se eu pudesse ser realmente sincero como queria, acho que já teriam me matado! huahuahuauhauhaha
E, como muitos escorpianos, mágoas ficam guardadinhas aqui para todo o sempre. Eu sou o cara que mais pede desculpa no mundo, por isso não admito que não me peçam quando me ofendem. E, mesmo sendo rancoroso, eu desculpo numa boa, se o pedido foi sincero. Mas, esquecer, jamais!
Nossa prima!!! Quanta sinceridade!! Adorei seu post... Achoq ue ninguém poderia escrever melhor.. parabéns!!! A partir de hj, seguirei seu blog todos os dias... Bjinhus..
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