Pequenos passos para um mundo melhor

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Que me perdoem aqueles que gostam disso, mas o FanMixCon (evento de anime, mangá e RPG de Campinas) há alguns anos tem uma modinha meio estranha: as plaquinhas. O povo fica perambulando com uma plaquinha com as mais diversas coisas possíveis escritas, desde "Você acha que o Naruto é gay?" a "Salvem as baleias!". Mas de uns anos para cá eu também tenho visto alguns cidadãos exibindo os seguintes dizeres: "Abraços Grátis". E me perguntava: "whatahell?!".

Ontem, por acaso, encontrei na internet alguns rumores sobre a "Free Hug Campain" (Campanha Abraço Grátis) e fiquei curiosa. Para mim, isso era só uma brincadeira que eu ouvia os outros falando, mas me admirei ao saber que existia de fato uma campanha assim. A idéia da campanha é a seguinte: abrace alguém que você não conhece e, sem querer, você fará o dia daquela pessoa mais feliz. Em outras palavras, às vezes um abraço é tudo o que alguém está precisando, mas não encontrou oportunidade de ganhar um ainda naquele momento.

A campanha surgiu em 2004, em Sidney (Austrália). O precursor dela foi um cara chamado Juan Mann. Ele contou que teve a idéia quando voltou de viagem uma vez. Quando chegou ao aeroporto, não tinha ninguém esperando por ele lá; por outro lado, ele viu outras pessoas chegando e trocando abraços com amigos, famílias, namorados, enfim, pessoas que estavam esperando por esses viajantes. Aí ele teva a idéia de improvisar um cartaz, escrever "Free Hugs" nele e sair andando pelo aeroporto para ver o que acontecia. Não demorou muito e uma mulher se aproximou e o abraçou. Depois, contou a ele que naquele dia ela estava muito mal, porque o cachorro dela tinha acabado de morrer e aquele também era o dia em que a filha dela havia morrido em um acidente de carro um ano antes. Ou seja: o que a mulher mais queria (precisava!) era um abraço, e não tinha ninguém para ajudá-la.

Há alguns anos atrás eu li uma matéria interessante. Uma universidade dos Estados Unidos tinha feito um estudo sobre o abraço. A conclusão que eles tiraram é que o abraço faz bem à saúde. Fisiologicamente falando, ele alivia tensões e previne contra pressão alta. Além disso, psicólogos e psicanalistas relacionam o abraço à melhora de auto-estima e sensação de bem estar, já que, convenhamos, um abraço de forma alguma pode ocorrer sozinho: precisa de uma troca de, no mínimo, duas pessoas, e esse contato faz com que ambas as partes se sintam, mesmo que inconscientemente, seguras, satisfeitas, bem. Para que quiser ver a matéria na íntegra, ela foi lançada pela BBC.

Agora pensemos na sociedade de hoje. Quantas pessoas você conhece que você pode chegar numa boa e dizer "Me dá um abraço?", sem sentir-se constrangido ou com medo do que a pessoa pode pensar? Quantos abraços sinceros você dá (ou recebe) por dia? A sociedade reclama, mas ela tem ficado cada vez mais e mais impessoal, mais fria. Ninguém mais nem sabe o que significa afeto (e não estou falando de relacionamentos românticos). Infelizmente, parece que estamos fadados à solidão. Que perspectiva mais triste para nós, da geração que viverá por volta de uns 100 anos!

E aí você vê gente falando de cada um fazer um pouco para melhorar o mundo, mas o que estamos fazendo de verdade? Movido por esse pensamento, Juan Mann começou a fazer a parte dele do jeito mais inacreditável possível: abrindo os braços sinceramente para um desconhecido. E com esse simples gesto, contagiou outras pessoas, que contagearam outras pessoas, e assim por diante. Hoje a Campanha Abraço Grátis já tem adeptos no mundo todo. Ou seja: o problema da solidão é muito maior do que se imagina. A galera diz: "O mundo precisa de paz!". Mas porque será que o povo só sabe falar, e não põe em prática o que diz? O que você pensa que é mínimo, como um simples abraço, pode, sim, fazer o dia de alguém; às vezes é só disso que ela está precisando - e quem sabe, até você mesmo, sem saber. O cara foi incrivelmente corajoso de começar essa corrente, e é de corajosos assim que o mundo está carente. Atitudes aparentemente pequenas como essa é que mudam o mundo - bom, pelo menos, é um jeito de começar... não?

Abaixo, o vídeo da Campanha "Free Hug". Note que as pessoas demoraram para aderir ao apelo de Mann (mais uma característica da sociedade moderna, fria e desconfiada de tudo?), mas depois até "vestiram a camisa" e se divertiram com isso.



Para maiores informações:
Free Hugs na Wikipedia (Vamos lá galera! Existe versão em português também, mas essa em inglês está muito mais completa!)

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