Depressão e atitude

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Depressão é uma doença séria que exige cuidado do paciente e de quem está à sua volta. Mas não é um diagnóstico muito fácil de fazer. Estado depressivo é sintoma de várias doenças, mas muitos médicos, na pressa, determinam que todos estão com depressão e ponto final. Sem um diagnóstico mais aprofundado ou diferencial. É mais fácil receitar logo um remédio (controlado, por causar dependência) do que estudar com mais cuidado cada caso.

Por outro lado, como o deprimido lida com sua doença é algo determinante para seu tratamento – mas os médicos às vezes se esquecem de dizer isso ao paciente. Na verdade, a participação do paciente em qualquer tratamento tem mais importância do que se imagina. Tanto que a terminologia médica mudou de uns anos para cá – a pesar de parecer que ninguém conseguiu se adaptar ainda –: o paciente virou cliente e é parte integrante do processo de cura. A falta dessa conscientização faz com que pacientes e, infelizmente, médicos depositem toda a esperança de recuperação no remédio.

É claro que, em se tratando de doença psiquiátrica, existem variados graus de depressão. Há aquele depressivo assintomático, que de repente se suicida e ninguém sabe explicar por que, já que era uma pessoa tão animada e participativa. Esse é um tipo de depressão especialmente cruel porque não dá sinais de que existe e dificilmente alguém de fora consegue perceber o que se passa para tentar ajudar. Mortes sem explicação ganham a alcunha de suicídio por não haver outra razão lógica aparente. Outros tipos mais clássicos de depressão são mais fáceis de observar: tristeza constante, apatia, falta de apetite, mau humor, sentimento de inferioridade, pessimismo, irritabilidade, e por aí vai. Às vezes o depressivo nem nota esses sinais como um indicativo da doença; quem está à sua volta é que acaba percebendo com mais clareza e tem aí uma chance de ajudar.

Quando se fala de doença psiquiátrica imediatamente o preconceito vem à tona: afinal de contas, psiquiatra é médico de louco, não? Claro que não. Se os psiquiatras tivessem que tratar só os loucos, eles estariam extremamente sobrecarregados e suas agendas seriam mais lotadas do que a da mais requisitada das celebridades. Psiquiatras cuidam das doenças da mente e têm o apoio fundamental dos psicólogos nessa tarefa. E doença da mente não é sinônimo de loucura e, sim, uma doença como outra qualquer. Estando esse ponto esclarecido e o preconceito acabado, muitos depressivos – e portadores de tantas outras doenças psiquiátricas – poderiam desfrutar de uma vida muito melhor. O preconceito faz todo mundo perder tempo e saúde no processo.

Tristeza é natural do ser humano. Basta estar vivo para se decepcionar, se frustrar e ficar deprimido. Estender essa tristeza é preocupante. Mas nem ao menos tentar sair desse estado é mesmo patológico. A atitude de uma pessoa deprimida é determinante para ela sair do estado em que se encontra. Por mais que os amigos tentem animá-la, se ela não decidir abrir a mente para receber esse cuidado, ela só estará se protegendo contra ele.


Ficar triste é normal. Ser triste é opcional.

0 comentários:

Sobre Pensamentos Avulsos...

Pensamentos Avulsos são divagações e outras bobagens que saem da cabeça insana dessa que vos escreve. Espaço livre para meu bel prazer de escrever e expor de alguma forma minhas idéias. Como blogueira, eu gosto de comentários; como escritora, eu preciso de críticas. Ambos me servem como uma espécie de termômetro de qualidade para a minha produção. Portanto, por gentileza, colabore. :-)

  © Blogger template Writer's Blog by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP