Novas profissões

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Com a evolução do mundo também evolui o mercado de trabalho. A cada dia, novas profissões, antes inimagináveis, surgem e ocupam o seu lugar. Há alguns anos, a profissão de empregada doméstica foi regulamentada. Até aí tudo bem. Era uma profissão que existia, da qual muita gente sempre precisou e contratou, mas ninguém nunca tinha pensado que poderia ser regulamentada.

Mas foi. Em seguida, para espanto e polêmica geral, foi a vez das prostitutas. Agora, os profissionais do sexo têm direito a tudo o que os outros trabalhadores com carteira assinada já tinham.

Nesta quinta-feira (17 de novembro), a Câmara resolveu aprovar mais uma profissão. Duas na verdade: a de catador e a de reciclador. Esses também são árduos trabalhadores que já fazem parte do cenário de qualquer cidade grande pelo menos, não era de se estranhar que um dia acabassem ganhando os direitos trabalhistas também.

Mas regulamentar os tradutores, nada, né? Ninguém nem toca no assunto. Parece tabu: se alguém toca no assunto, do outro lado da sala alguém finge uma tosse e muda de assunto. Por quê?

Há quem diga que a profissão de prostituta é a mais antiga do mundo; oras, mas desde que decidiram derrubar a tal da torre de Babel, o tradutor sempre foi necessário. Nunca houve um tempo em que a profissão fosse dispensável, e uma má tradução poderia enganar, matar, provocar revoluções e guerras mundo a fora. Ninguém nega que não poderia viver sem um tradutor, mas ninguém reconhece o seu valor. Se por um lado ignora-se a existência do tradutor, por outro, faz-se vista grossa sobre o fato de haver um número incomensurável deles no mercado – tanto profissionais quanto.

Também existem aqueles tradutores que são contra a legalização da profissão; esses temem por seus empregos. Eu, sinceramente, não acho que a coisa ia mudar tanto. Quem é bom tradutor, mesmo não tendo qualificações na área, continuaria com seu trabalho. Quem não é, teria que correr atrás para se tornar um. Ué, nada mais justo, não? Os médicos, advogados e engenheiros, entre tantas outras profissões, têm que fazer isso; por que os tradutores não?

A falta de legalização do tradutor (bem como de outros profissionais da área, como o intérprete, o revisor, o legendador) da margem a exploradores, como boa parte das agências de tradução, que pagam valores exorbitantemente baixos para que alguém possa se manter dignamente sem se matar trabalhando. Também abre brecha para inexperientes entrarem e saírem do mercado quando bem entendem, para fazer um “bico” e, assim, desvalorizar o trabalho daqueles que tem essa como uma profissão séria e fonte de seu sustento. Onde há vantagem na não regulamentação da profissão? Desculpa, mas não consigo ver pró nenhum nessa marginalização.

Veja bem, não estou aqui querendo menosprezar as outras profissões citadas; muito pelo contrário. Na verdade, o que quero mostrar é que a profissão de tradutor é tão digna quanto as outras, exige tanto empenho e dedicação quanto as demais, e merece tanto quanto o respeito e os direitos já concedidos a outras classes trabalhistas.

Há incautos que pensam que o trabalho é fácil. Agora, com o advento do Google Translator, essa é o argumento desses leigos. Enfim, fazer o quê? Também tem gente que acha que Portugal descobriu o Brasil e que a bandeira dos EUA poderia ondular na Lua (no vácuo)!

3 comentários:

Guilherme Freitas 18 de novembro de 2011 às 13:21  

Pela regulamentação da profissão!

É o primeiro passo, afinal na EF somos regulamentados há 13 anos e persistem os espertalhões na área, todo mundo pensa que é capaz de fazer o nosso trabalho.

Boa sorte, beijos!!!

Amanda 18 de novembro de 2011 às 23:29  

Infelizmente, além de lutar pela regulamentação, a classe também terá que lutar pela fiscalização.

Muitas profissões são regulamentadas e continuam como se não fossem. Brasil-il-il.

Mari Ormenese 21 de novembro de 2011 às 16:06  

Concordo plenamente, Mari! A nossa profissão é tão digna quanto qualquer outra. Há muitos profissionais neste ramo e, na minha opinião, há um enorme contraponto nesta não regulamentação, pois há um volume enorme de trabalho que geraria uma grande receita em impostos pela prestação de serviços.

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