Eu acreditava que o conceito de educação fosse universal e algumas regrinhas básicas fossem de senso comum. Aliás, educação anda de mãos dadas com o bom senso, mas como ninguém nasce com bom senso, apenas o adquiri (ou não), diversos atritos surgem por causa do assunto.
As frases populares até tentam nos ensinar alguma coisa, mas parece que cada vez mais elas têm perdido força. Um deles diz “Quando um burro fala, o outro abaixa a orelha”. O significado disso nada mais é do que a regra básica para o funcionamento de um diálogo (situação em que duas ou mais pessoas estão conversando): enquanto uma fala, a outra escuta, e assim sucessivamente. Não que todo diálogo funcione assim. Às vezes a ansiedade de colocar um comentário durante a fala do outro é incontrolável, talvez justamente pelo medo de se perder esse comentário. Até aí tudo bem, é normal. O que não é normal é achar que interromper uma pessoa deliberadamente é de fato normal. Quando uma interrupção normal dessas acontece, é difícil vermos uma atitude correta para retornar o diálogo ao seu bom caminho: se desculpar e deixar o outro terminar de falar antes de prosseguir com seu próprio comentário. E esse hábito caiu tão em desuso que quando ele acontece algumas pessoas acham que é exagero do outro tomar essa atitude ou se enraivece quando é cobrado dela, cegado pelo costume da maioria de esquecer-se de regras básicas de convivência.
Existem várias falhas de educação vistas hoje em dia por aí, não é difícil de identificar. Nas praças de alimentação, por exemplo, sempre existem funcionários para levar as bandejas esquecidas nas mesas para o lixo, mas não custa nada que seu próprio usuário as leve até lá. Afinal de contas, tem dia que é praticamente impossível encontrar uma mesa vaga em algumas praças de alimentação, não custa nada colaborar e sair da mesa deixando-a livre e em condições de uso para uma próxima pessoa que vai utilizá-la.
E quando você convida um amigo para sua casa, e ele chega com dez outros amigos? O que você faz? Fala tudo bem, mas no fundo se desespera, porque só tinha se preparado para receber uma pessoa ou fecha a cara e manda todo mundo embora? Não, você não é uma pessoa menos sociável tendo esse tipo de pensamento. Acontece que é direito seu saber quem vai à sua casa. Claro que todos são bem-vindos e você não se oporia a isso, mas não custa nada ao seu convidado te dar um toque que pode levar alguns amigos a mais. Afinal de conta, a casa é sua, você é a única pessoa consciente do espaço que tem, dos vizinhos que tem e tudo o mais. E vai que não tinha comida suficiente também, não é? (Casa é um termo de exemplo, que pode ser comutado com outros elementos, como carro, chácara, casa de praia, etc.)
O pior de tudo nem é o fato de que alguém toma uma atitude dessas (entre tantas outras que, seu eu resolvesse exemplificar aqui, isso viraria uma novela interminável) acha que está fazendo algo normal. Elas também dizem que estão de peito aberto para conversar quando tiverem feito algo que desagradou você sem perceberem. Mas, invariavelmente, a maioria dessas pessoas não vai aceitar, muito menos acatar, o que você disser e, de quebra, ainda vai te acusar de frescura e implicância. Só a menoria das pessoas vai ter empatia suficiente para tentar entender o que você está dizendo, como você se sente com relação a isso e (mais difícil ainda) se desculpar pelo ocorrido.
P.S.: Glossário (fonte: iDicionário Aulete: http://aulete.uol.com.br/index.php):
Educação
6. Comportamento em consonância com as regras sociais de etiqueta e de boa convivência; CIVILIDADE; POLIDEZ.
Diálogo
1. Conversação entre duas ou mais pessoas; COLÓQUIO; CONVERSA.
2. Troca de ideias opiniões etc.
Bom senso
1 Filos. Em questões correntes e habituais, aptidão intuitiva de discernir entre o verdadeiro e o falso, o certo e o errado, o bom e o mau etc.
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