Abordagens jornalísticas

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

É verdade que a vida em grandes centros urbanos está tão corrida que às vezes não temos tempo nem para ler o jornal. Por conta disso, as notícias encontraram meios mais rápidos de difusão, e a televisão é a principal dela. (Eu ia falar daquela vizinha fofoqueira que todo mundo tem, mas essa só sabe noticiar a vida alheia, então não conta). Além da falta de tempo, outro problema apontado pelo afastamento da população ao jornal foi o preço: parece bobagem, mas o jornal é uma fonte de informação cara para algumas pessoas. E por conta disso afirmou-se que as camadas mais baixas da população estavam sendo afetadas porque não tinham acesso suficiente à televisão.

Para resolver o problema, a Rede Anhanguera de Comunicação, que já publica o Correio Popular, o maior jornal da cidade (e da região), em 2009 teve a brilhante idéia de fazer um jornal que chegasse ás classes C e D a baixo custo. E assim nasceu o Notícia Já.

Inicialmente, esse jornal custava R$0,50 e era vendido em qualquer lugar. Qualquer lugar mesmo: desde semáforos à ônibus (os próprios cobradores vendiam o jornal). Hoje o preço dele subiu um pouco, mas acho que não passou de R$1,00. Além do preço baixo, uma característica marcante do jornal para atrair seu público alvo foi a linguagem: expressões pobres, quando não vulgares, noticiando sensacionalismo. Eu não sou tão ingenua, e sei que a mídia vive de sensacionalismo, mas tem coisa que é exageiro. Segue como exemplo uma manchete da edição de hoje, para ver-se que não estou exagerando:

"Mãe de rapaz morto em assalto banca a família do assassino"

Outro atrativo interessante desse jornal é a capa: sempre tem uma mulher semi-nua logo de cara. Até uns tempos atrás eu me lembro que os donos de bancas tinham que fazer o diabo pra disfarçar capa de Playboy; fico me perguntando qual seria o argumento da RAC quanto a isso. Eles deve alegar que não tem problema, porque as moças não estão nuas e, sim, semi-nuas. Ah, tá! Então assim pode!

Se de um lado uma empresa tão grande de comunicação subestima a inteligência das classes mais baixas, outra grande empresa do ramo atirou em outra direção. Neste ano a Band começou a publicar o jornal Metro. Este, de distribuição gratuita, também e dado aos leitores nos semáfaros da cidade, e foi tão melhor aceito pela população que por volta das 10h00 da manhã já é muito difícil de encontrar.

O Metro apresenta de forma bem resumida os principais acontecimentos de Campinas, região e do mundo. Sem apelação, sem mulher semi-nua, sem palavras pobres, expressões vulgares a afins. Enfim, cumpre sua função de ferramenta de informação respeitando e honrando seus leitores.

Não desmerecendo a intenção do Notícia Já, que foi louvável, mas o Metro tem feito de forma melhor. Um jornal é uma forma importante de construção de um ser humano, como toda e qualquer fonte de leitura. Além disso, quem escreve, escreve para alguém. Jornal nenhum não teria futuro se não fosse por seus leitores. Se é assim, estes merecem um pouco mais de respeito.

1 comentários:

Guilherme Freitas 7 de agosto de 2010 às 19:21  

E olha q vc ainda escolheu um título razoável, pq sempre saem uns piores, do tipo "Malandrão pula muro, é mordido no traseiro por pitbull e ainda é zuado pela vizinhança".

Duas vertentes: as pessoas não exigem muito daquilo que veem do mundo, sua capacidade de ir além do espaço em que transitam é limitada; essa limitação advem justamente do fato de não ser intenção de ninguém q manda nesse país ter povão exigente, então condicioná-los a aceitar (consequentemente, assumir para si) porcarias faz parte do sistema em que vivemos.

E nem ligue para as reflexões sociais, ando meio revoltado com tudo, hahahaha... Só q eu também me rendo, quero ter um emprego em q ganhe bem, trabalhe menos e meu conhecimento tenha serventia. Beijos, passa lá no meu blog!

Sobre Pensamentos Avulsos...

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