Na contra mão
domingo, 15 de setembro de 2013
A ética e as boas maneiras ditam que
devemos fazer o bem e ser corteses, pois um dia poderemos precisar do próximo. Mas
na prática, pouca gente entende alguma coisa sobre ética ou se quer se lembra do
que significa boas maneiras. Aparentemente ambas as palavras têm perdido cada
vez mais seu significado e valor. Pior para quem acredita nelas, que fica
fadado a se sentir um eterno estranho no ninho.
Ingenuamente acredita-se que religião
tenha algo a ver com caráter e boas maneiras. Na verdade, essa é uma daquelas
coisas que deveria ser mais não é. Afinal, tem muito ateu fazendo lá suas boas
ações, e uma legião de religiosos convictos que se aglomeram todos os dias em
apertadas celas que já não chegam mais para a quantidade de presidiários que
comporta. A confusão é tanta que muitos religiosos se desvirtuam e viram
fanáticos – que não é mais religioso coisa nenhuma, senão apenas mais um
obsessivo.
Às a gente se vê em situações em que
fazemos coisas que deixam os outros felizes, mas sem estarmos verdadeiramente
“no clima” para isso. Em prol da política da boa vizinhança, nos sacrificamos
aos poucos dia a dia, atropelando como um rolo compressor nossas vontades e coisas
imateriais – muito mais importante –, como nossos sentimentos e nossa
dignidade.
A encruzilhada se apresenta mais
claramente à nossa frente de forma proporcional à proximidade do demandante de
nós: quanto mais próximo, mais complicado é dizer “não” e mais desgostoso é o sacrifício.
Também é certo que se houver aí uma ferida causada pelo ser exigente, o
sacrifício chega até a ser mal cheiroso e nauseabundo em medidas igualmente
proporcionais.
Aliás, quem escreveu essa tal política
se esqueceu de dizer que ela só funciona quando aplicada em duas vias; talvez
essa condição tenha ficado para o anexo e o pessoal teve preguiça de ler.
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