Tempestade em copo d'água (?)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Às vezes eu acho que luto por batalhas que não tem como vencer; eu me preocupo demais com coisas que não tem conserto.


O machismo, por exemplo. Como hoje é fora de moda ser preconceituoso, o machismo (como outras formas discriminatórias) se esconde atrás do pensamento comum arraigado na sociedade. Espera-se que hoje, com tanta informação e a tendência de, tanto por isso, se conhecer sobre o assunto que se fala, que as pessoas reflitam sobre o que falam, para não parecer meros papagaios, repetindo frases sem sentido. Mas não é o que se vê por aí.

Por exemplo, é do senso comum frases que afirmam que as mulheres são piores motoristas que os homens, mesmo as estatísticas provando o contrário. Segundo pesquisa do DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito), elas se envolvem 4,5 vezes menos em acidentes de trânsito com mortes do que eles. Os dados dessa pesquisa foram publicados no final do ano passado pela CNM (Confederação Nacional de Municípios) e está disponível na internet para quem mais tiver a curiosidade de dar uma olhadinha. Outro dado interessante: os homens são mais ousados (leia-se "irresponsáveis") para dirigir embriagados. Posso estar mal informada, mas nunca ouvi falar de acidente sério causado por motorista bêbado que fosse mulher, nem mesmo que alguma mulher já foi parada pela polícia por suspeita de estar dirigindo embriagada. Não é à toa que o seguro de carro para elas chega a ser até 30% mais barato.

Outro fato interessante é o número de motoristas rodando por aí: cada vez mais mulheres dirigem. Para quem gosta de se defender com o argumento vazio de que há mais motoristas do sexo masculino do que do feminino, primeiro: esse quadro tem mudado a cada ano, e a tendência é que um dia ainda cheguemos a nos equiparar em número. Mas, de qualquer forma as pesquisas estatísticas são feitas sobre percentuais, logo a projeção de homens e mulheres é a mesma para se obter os resultados.

Junte-se a isso o fato de as mulheres continuarem ganhando em média menos do que os homens, mesmo exercendo a mesmíssima função. E por mais que levantem a bandeira "não sou machista", muitos homens ainda se incomodam com a idéia de que uma mulher ganhe mais do que eles. A desculpa é a de que a mulher, ganhando mais, se torna independente demais e passa a achar que não precisa mais dos homens (eu ouvi isso!). Ou seja, o que rola então é medo de superação? O que tem demais uma mulher querer ser financeiramente independente? Isso não quer dizer que ela necessariamente optará por viver sozinha. Talvez essa independência faça com que elas fiquem mais exigentes em relação aos parceiros, mas isso é ruim? É ruim que ela queira conhecer bem com quem está saindo e com quem ela talvez se case um dia, para não virar Amélia? Muitos homens já evoluiram seu pensamento em relação a isso, mas outros tantos no fundo no fundo, mesmo que não declaradamente, o que esperam da mulher é uma substituta para suas mães. A luta do feminismo é pela igualdade, e não pela superação (excluindo, claro, os fanáticos, que não são bons em filosofia nem uma). Diferente do machismo, que procura afirmar uma superioridade (que na verdade não existe) entre os sexos.

E o mais engraçado: mesmo sabendo de tudo isso, eu ainda me abalo - e muito.

Obs.: Não, eu não me esqueci de que ainda existe muita mulher machista também.



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