A Mágica da Arrumação – Marie Kondo
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
Às vezes compramos tantas coisas
em prol de nosso conforto que não nos damos conta de que algumas delas acabam
esquecidas. A sociedade de consumo leva os seus a crer que há a necessidade de
se ter sempre mais. E com tanta coisa, experimentamos de vez em quando a
estranha sensação de estarmos soterrados pelos nossos pertences. Pode parecer
difícil manter tantos objetos assim organizados.
A partir desse aspecto, a
japonesa Marie Kondo desenvolveu seu próprio método de organização e dedica sua
vida a repassar essa tarefa aos outros. Toda a sua filosofia se baseia na ideia
de que, se pararmos para pensar, não precisamos de tantas coisas assim. Por
tanto, para começar uma boa organização, é preciso eliminar os excessos. A
autora atribui uma certa espiritualidade aos objetos. Para ela, entender seu
propósito e que sua missão foi cumprida facilita o processo de desapego e
descarte do objeto. Ao tratar nossas posses com o respeito de alguém que
trabalha por nós, criamos um ambiente mais agradável e convidativo.
Para ensinar sua técnica, a
autora compartilha sua própria experiência, tanto com sua família quanto com
seus clientes. A sensação é que a obsessão de Marie Kondo com organização chega
próximo a níveis de neurose. Kondo soa um pouco exagerada em suas dicas.
Exageros em geral atrapalham: não respeitam os outros e se fecham a qualquer
possibilidade de flexibilidade.
Separar um momento para se
desfazer de coisas que não se usa mais, que não gostamos e até que nunca
usamos, é algo saudável. A sensação de libertação é ótima. Abrir espaço e ter a
possibilidade de escolher se esse espaço precisa ou não ser preenchido
novamente é muito bom. As coisas que possuímos sempre vêm com uma história, com
uma lembrança. São coisas que ganhamos, e compramos, em determinada situação
por um determinado motivo. Algumas lembranças precisam ser descartadas para que
possamos seguir em frente; outras são importantes apoios para nossas vidas.
Cada pessoa tem uma história diferente e única. A técnica de Kondo às vezes
parece não se preocupar muito em respeitar essa história.
Nada pode ser levado tão à risca.
Nada pode ser encarado de forma tão binária, tão sim e não. Para que a
convivência com outras pessoas e com suas próprias coisas funcione, há que se
ter um pouco de flexibilidade. As lições de Marie Kondo podem ser aproveitadas
em sua essência, mas não dá para assumi-las como verdade universal e soberana.
Algumas dicas são realmente boas, mas outras precisam de um pouco de reflexão
para decidir se elas se adequam bem ou não à realidade de cada um. Bom senso e
pensamento crítico são as palavras de ordem para se aproveitar da melhor
maneira a obra.
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