Lembranças
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Se você morresse hoje, o que
teria feito? Teria realizado todos os seus desejos? Teria feito a diferença na
vida de alguém?
Um inconformado por natureza,
Tyler (Robert Pattinson) é o
filho do meio de uma família moderna. Seus pais são separados e ele e a irmã
mais nova moram com a mãe (Lena Olin)
o padrasto. O pai (Pierce Brosnan)
é um importante empresário que não tem tempo para a família, e acha que faz o
suficiente apenas custeando as necessidades dos filhos.
Tyler nunca se recuperou
completamente da perda do irmão mais velho, que se suicidou. Apaixonado por sua
irmã mais nova, faz de tudo para vê-la feliz. O que o deixa extremamente
enfurecido é ver a indiferença dos outros para com ela, especialmente quando se
trata do próprio pai que, para ele, coloca simplesmente tudo à frente da
família. Seu grande senso de justiça sempre acaba metendo Tyler em enrascadas
ao se propor a defender o que é certo. O tamanho do problema que ele atrai
pouco importa; seu desejo é ver todas as coisas acontecendo da forma certa.
Todos os acontecimentos na vida de
Tyler acabam tornando-o um jovem bem introspectivo. Na
faculdade tem apenas um amigo, Aidan, cujo comportamento é totalmente o oposto
dele. Buscando apenas diversão, Aidan propõe um desafio a Tyler: conquistar a
filha de um investigador durão, a bela Ally Craig (Emilie de Ravin),
que estuda na mesma universidade que eles, e depois dispensá-la. O que Tyler
não sabe é que a história que Ally esconde por trás de seu sorriso fácil e de
sua atitude sempre positiva é bem mais complicada do que imagina: Ally assistiu
ao assassinato de sua mãe aos 10 anos de idade, e desde então desenvolveu
algumas manias como forma de autoproteção.
Lembranças é um filme de uma delicadeza ímpar. Com naturalidade, explora vários dramas
reais do dia a dia de quem vive em grandes centros. A questão mais profunda
tratada no filme é a reflexão sobre o que você faz hoje. Depois da morte do
irmão, Tyler cria o hábito de escrever em um caderninho, como se estivesse
dialogando com o falecido irmão, sobre seus pensamentos. O pensamento mais
recorrente em suas discussões de via única é justamente sobre o que ele está
fazendo nessa vida. Ele se pergunta se vão se lembrar de quem ele foi ou das
coisas que ele fez enquanto estava vivo e se isso vai importar alguma coisa
depois que ele morrer. Ally tem uma preocupação parecida: para ela, é melhor
aproveitar o momento para fazer o que quiser no exato momento em que tiver
vontade, pois, se por algum infortúnio ela vier a morrer naquele momento, pelo
menos ela saberia que morreria feliz por ter realizado aquele desejo a tempo.
Tempo é uma medida muito subjetiva. A subjetividade se dá provavelmente pelo fato de não se poder prever o que acontecerá nos próximos minutos, horas, dias, anos. Nesse cenário, decidir-se por fazer algo e colocá-lo em prática, que parecia uma tarefa fácil, passa a ser bem complicado diante da perspectiva de uma morte repentina. Mais do que aproveitar a vida, o filme fala sobre aproveitá-la com qualidade, de forma que sua vida tenha de fato algum significado, nem que seja para apenas uma pessoa no mundo todo.
1 comentários:
Muito delicada sua forma de falar do filme, parabéns Mariana! `^^´
Adorei seu blog.
Beijos!
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