Tempo é Dinheiro
segunda-feira, 31 de março de 2014
Lionel Shriver é famosa por seus livros de temática polêmica. Seu livro mais famoso é Precisamos Falar Sobre Kevin,
que inspirou o filme homônimo (http://www.adorocinema.com/filmes/filme-146626/).
![](http://www.intrinseca.com.br/site/wp-content/uploads/2012/01/Capa_Kevin_filme-web.jpg)
A família do melhor amigo de
Shep, Jackson, também se vê em uma situação parecida: com uma filha portadora
de uma doença genética degenerativa rara, o plano de saúde é essencial para
eles, tornando-os uma espécie de refém de seus trabalhos.
![](http://4.bp.blogspot.com/-yrQz76ZxJSE/T8F8vQaLncI/AAAAAAAAfXQ/yf1FH8qgYW4/s1600/556209_10150965362890579_130097745578_12155842_1672933254_n.jpg)
Diferente do Brasil, não
existe nos Estados Unidos uma estrutura de saúde pública como o SUS. A
população consegue apenas um atendimento emergencial, mas todo o tratamento é
custeado por ela ou por seu plano de saúde. A população de baixa renda e,
especialmente, imigrantes ilegais contam com pouco ou nenhum acesso a esse
serviço.
Diante desses argumentos, a
autora levanta uma questão importante: quanto vale a vida humana? Por que um
tratamento ou a manutenção da saúde acaba se tornando tão cara para a
população, quando na verdade é uma necessidade básica? E porque o governo se
esquiva tanto – ou se envolve tão pouco – para oferecer às pessoas um bem tão
primordial, sendo essa uma de suas obrigações diante de tantos pagamentos
recebidos na forma de taxas e impostos?
![]() |
Empresários discutem a reforma do sistema de saúde americano, enquanto a população fica de fora das negociações. |
Há vários pontos que podem ser
usados de comparação com a realidade brasileira nessa história. Um deles é a oferta
de saúde pública. O Brasil está entre os países mais desenvolvidos na área
médica, mas tanto desenvolvimento alcança uma minoria que pode custeá-lo do
próprio bolso. Por outro lado, existe uma oferta de saúde pública, gratuita,
para a população, diferente dos Esta
dos Unidos. Filas em hospitais, falta de
leitos e corredores lotados não é melhor lá simplesmente porque são os Estados
Unidos. O tratamento aqui é lento, mas pelo menos o paciente não recebe uma
conta para pagar junto com sua alta hospitalar.
Pagar um plano de saúde
particular, por mais caro que seja, ainda é uma opção aqui. Os planos de saúde
são difíceis de lidar tanto aqui quanto lá, sempre tentando encontrar uma
escapatória para suas responsabilidades contratadas. Mas ainda assim, aqui é
pelo menos possível custear sozinho um serviço desses, sem depender
exclusivamente de um emprego em uma empresa que ofereça esse benefício.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUqErAWzrr0Z5657gUMzeLnklZ3cXl9O94pEBEw6kTqNBz9nLtNAkKcmkvMcx05hPo7VvR7wQxshDaMKXxylF9UydWn1llAEeD6TQdxk9fbE8v0GtuzDv2fLXylEViYf2ygjxeyZM_Xrlv/s400/saude-publica.jpg)
Há no livro várias discussões políticas sobre a administração do dinheiro público e o valor real que o cidadão tem para o Estado. Esse tipo de argumentação é excelente para se fazer comparações e refletir sobre o que encontramos na nossa própria realidade e, com isso, pensarmos melhor sobre o que pode ser feito para mudar a situação - para melhor ou pior. Uma lição importante tirada das atitudes de Shep nesse livro é a de que a felicidade individual e do próximo é de total responsabilidade de próprio indivíduo, ou seja, são as escolhas de uma pessoa que fazem com que sua vida mude. Colocar toda a responsabilidade num governo corrupto e não se dispor a mover um dedo para impedi-lo, seja com votos conscientes ou cobranças dos políticos já eleitos, não muda absolutamente nada - e de quebra ainda dá a vantagem para os corruptos.
0 comentários:
Postar um comentário