Técnicas para Escrever Ficção – Julio Rocha
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Escrever deixou de ser uma
prática restrita a nerds e escritores de gaveta depressivos. Hoje, o mercado
oportunistas.
Compartilhar conhecimento e técnicas para se desenvolver e estimular o processo
criativo é algo excelente, e não existia muitos cursos, oficinas e literatura
sobre o assunto há alguns anos atrás. Essa revolução do conhecimento nesse
campo faz parte dos dias de hoje. A Internet, com cursos virtuais no estilo EAD
(ensino à distância) contribuiu bastante com o crescimento desse mercado editorial incentiva o surgimento de novos autores e, na rabeira desse sucesso
contemporâneo, vieram vários
![](http://www.designup.pro.br/files/port/1283656368.jpg)
Uma modalidade de autopromoção
encontrada por alguns autores é a confecção de palestras e workshops ensinando
as técnicas para escrever e publicar um livro. Alguns são autênticos, outros se
desenvolvem seu próprio conteúdo sobre aquilo que aprenderam antes com outros
mestres, que lhes possibilitaram escrever seu próprio livro.
Esse é o caso de Julio Rocha,
autor de Teia Negra.
Tendo lançado este livro, em seguida o autor se lançou ao mercado de educação
em prol de novos escritores. O autor possui duas obras de ficção e uma técnica,
que é o livro de que trada este artigo.
O objetivo por trás da criação
desse livro fica bem claro para o leitor: a autopromoção do romance “Teia Negra”.
Em todo o livro, Rocha não perde uma única oportunidade de citá-lo, fazendo
isso até em momentos em que o artifício é irrelevante. A maioria dos tópicos
torna-se desculpa para se apresentar trechos do livro. Em poucos deles o
exemplo é realmente justificado.
Ele cita várias obras ao longo do
livro, justamente com o nome de seus respectivos autores, mas não existe
bibliografia ao final do livro, como manda as normas de publicação. As
referências são escritas de maneira informal e também não seguem as normas
editoriais.
O índice não possui
numeração, mas os capítulos são organizados em ordem numérica. Essa é uma inconsistência
grave do ponto de vista gráfico. O estilo dos títulos deve ser padronizado e,
portanto, aparecer de forma igual tanto no índice quanto nos inícios de
capítulo.
Logo na introdução o autor
explica o propósito do livro. Como o próprio título já expõem, esse é um
material técnico, que aborta aspectos da arte de escrever ensinando ao escritor
como melhor utilizar as palavras para contar histórias. Essa apresentação, no
entanto, parece contraditória conforme a leitura flui. Os tópicos possuem
explicações vagas ou inexistentes para as técnicas utilizadas. Em vários
capítulos o autor apenas cita técnicas literárias observadas em outros autores,
mas não cita exemplos ou, quando o faz, se limita a isso, sem explicar o que
foi observado e como funciona essa técnica. Às vezes fica difícil compreender o
que o autor está querendo dizer.
Em diversos momentos o autor cita
técnicas literárias e se esquiva de explicá-las. Como exemplo, falando sobre a
utilização de ponto de vista neutro em narrativas, o autor cita a obra HarryPotter,
mas conclui sua citação com as seguintes palavras:
“De qualquer forma, o ponto de vista neutro é difícil de ser usado e somente deve ser por aqueles que dominam a técnica, portanto não vou me aprofundar.” (ROCHA, 2010, p. 39)
Ou seja, Rocha se
propõe com a fazer uma análise de técnicas literárias e ensiná-las ao escritor
que pretende conhecer o funcionamento da criação e melhorar suas próprias técnicas
de escrita, mas se esquiva da conclusão do trabalho. Com isso, o leitor termina
com mais dúvidas sobre o assunto do que quando começou a leitura do livro.
1 comentários:
Por isso é bom sempre correr atrás para ver quem é o cara por trás das páginas, pode ser que ele conheça menos que o próprio leitor.
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